terça-feira, 27 de janeiro de 2015

"MONTANHA NUNCA KA NA MUDA..."

(Atualiz. 12:55)
 
Breve reflexão sobre o braço-de-ferro trazido à praça pública entre a Presidência e a Prematura. Este braço-de-ferro até pode ser diferente de todas as quezílias políticas anteriores, no que diz respeito a sua implicação política nacional. O que parece estar hoje em jogo, para além de caprichos políticos pessoais, é, a cima de tudo, o futuro político dos dois. Ou seja, o actual Primeiro-ministro e Presidente do PAIGC é tido e visto como quem rema contra a renovação, futura, do mandato de José Mário Vaz na Presidência da República. 
 
É evidente que Domingos Simões Pereira nunca se simpatizou com o PAIGC. Não conhece as suas estruturas. E por cúmulo, o seu falecido irmão, Bartolomeu Simões Pereira, perdeu a sua própria vida em consequências políticas obscuras, no tempo de Nino Vieira. Quem não se revolta quando perde um familiar nessas circunstâncias? Pois, Domingos Simões Pereira circulava nos meandros do poder a conta dos laços familiares com a viúva do falecido irmão, tendo-se aproximado de Nino Vieira, facto que o levou a beneficiar, depois, do cargo na CPLP.
 
A ambição desmedida meteu-o onde não devia ter-se metido. Ignorou ou não teve visão de medir o grau e alcance da intimidade e amizade do grupo constituído por Nino Vieira, Carlos Gomes Júnior, Bartolomeu (seu falecido  irmão), Aguinaldo Embaló (falecido), José Mário Vaz, Rufino Mendes (falecido), etc. Consta, pois, que o braço-de-ferro entre ele (Domingos) e José Mário Vaz, terá derivado, naquela época, da sua falta de discrição e insolência.
 
Tudo aconteceu no período em que o actual Presidente da República era Presidente da Câmara da Cidade de Bissau. Domingos Simões Pereira não era conhecido. Carlos Gomes Júnior concorria para a liderança do Governo. O insólito aconteceu em casa do próprio José Mário Vaz, quando um núcleo do PAIGC, encabeçado por Carlos Gomes Júnior, resolveu reunir-se ai. Entretanto, em plena reunião, Domingos Simões Pereira terá insurgido contra a presença de José Mário Vaz, expulsando-o da sala de reunião na sua própria casa, e perguntando porquê que deveria estar presente naquele encontro?
 
Terá sido, então, a gota que fez entornar o caldo se entornou entre os dois homens. Três questões jogaram logo, na altura, à favor do dono de casa que era José Mário Vaz: 1) falta de cordialidade e de educação por parte de Domingos para com ele, sendo mais velho e proprietário do imóvel; 2) onde é que já se viu o proprietário e habitante de casa não poder assistir eventos no seu próprio espaço? 3) era legitimo o lesado José Mário Vaz pensar que algo estaria por detrás da atitude do jovem Domingos Simões Pereira. Pode, então, dizer-se que os ânimos nunca mais se serenaram entre os dois, a ponto, inclusive, de isso vir a reflectir-se na pressão de José Mário Vaz, na qualidade de Ministro das Finanças, sobre a esposa de Domingos, quando esta foi acusada de cometer um rombo no tesouro público. 
 
A petulância de Domingos Simões Pereira não se limitava às dissensões com José Mário Vaz. Também, a prepotência política levou-o quase a chegar à via de facto - numa célebre reunião do seu partido - com Cipriano Cassamá, se Baciro Djá não os separasse. A razão da discórdia prendia-se com o facto de o Presidente ter defraudado a expectativa dos militantes do PAIGC quanto a nomeação, primeiro de ministros, e depois de Governadores Provinciais. Resumindo: Domingos Simões Pereira Não inspira confiança no seio do seu próprio partido e sabe-se que já esboça a criação de um partido político caso venha a ser exonerado.
 
Kon ku na bin lanta I bai... 
 
Nababu Nadjinal