Fonte: Doka Internacional
Prezado DOKA, li atentamente um artigo de opinião publicado no seu blogue e intitulado “DSP AGARRADO AO PODER”. E sobre ele gostaria de tecer as seguintes considerações:
Foi um artigo muito bem elaborado e que reflecte de forma clara, imparcial e objectiva, as preocupações do seu autor e que, surpreendentemente coincide com as da maioria dos intelectuais guineenses que se interessam e acompanham de perto o desenrolar dos acontecimentos políticos no nosso País. Esse artigo deixa perceber que entre o Primeiro-Ministro e o Presidente da República persistem conflitos pessoais mal resolvidos no passado e cuja gravidade vem adquirindo contornos irreversíveis, ameaçando despoletar em violência, caso não tenha sido atempadamente saneado, com base no primado da Lei;
Neste momento, a Guiné-Bissau dispõe de todos os ingredientes necessários para elaborar e implementar ambiciosos programas de um desenvolvimento integrado e sustentado – enormes recursos financeiros disponibilizados pelos credores internacionais; um importante leque de recursos humanos (competências políticas e técnicas de ponta); uma mobilização popular sem precedentes, etc., etc., de cujo aproveitamento dependerá impreterivelmente a nossa capacidade de convergir esforços e obter consensos na hora de agir, para evitarmos os erros do passado, assim como novos erros que possam mais uma vez adiar o nosso País e os nossos sonhos;
Considerando a gravidade da situação que caracteriza as relações pessoais entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, dificilmente conseguirão coabitar institucionalmente. E, para que o País não fique refém dessas relações, com as previsíveis consequências sociais, políticas e económicas, o Primeiro-Ministro devia revelar bom senso e num gesto inédito de coragem, patriotismo e sentido de Estado, colocar o seu lugar à disposição do Presidente da República, como reza a Constituição do País;
Os esforços absurdos do Primeiro-Ministro, tendentes a obtenção de votos de confiança para o seu Governo, ou ainda o envolvimento de personalidades e instituições estrangeiras neste diferendo com o Presidente da República, demonstram que o DSP está consciente da existência de atritos institucionais, mas por uma questão de orgulho e arrogância não se manifesta disposto à entabular um diálogo directo, sério, honesto e construtivo com o Supremo Magistrado da Nação, preferindo enveredar por vias que não abonam a favor da sua imagem, fazendo dele um MENDIGO POLÍTICO DESESPERADAMENTE AGARRADO AO PODER, na medida em que, não faz sentido atribuir voto de confiança à um Governo que o próprio Primeiro-Ministro promete remodelar, para se livrar de mais de metade dos seus membros, indiciados por crimes de corrupção activa e que consequentemente deixaram simplesmente de merecer a sua confiança.
Ø O Primeiro-Ministro declara perda de confiança no seu Governo e promete remodelá-lo. Entretanto continua a proteger Ministros indiciados, acusados, julgados e até condenados por crimes de corrupção;
Ø O Primeiro-Ministro declara perda de confiança no seu Ministro da Presidência e Assuntos Parlamentares, Dr. Baciro Djá e este demite-se, como manda a ética e a moral do exercício do Poder;
Ø O Primeiro-Ministro, já na qualidade de Presidente do PAIGC, declara perda de confiança no Secretário Nacional do seu Partido, Sr. Abel da Silva e este demite-se das suas funções, como manda a moral e a ética do exercício do poder;
Ø O Primeiro-Ministro declara publicamente que o Presidente da República o considera “persona non grata” (sinónimo de perda de confiança), que devia motivar a SUA DEMISSÃO VOLUNTÁRIA E NÃO ESPERAR QUE SEJA O PRESIDENTE A DECIDIR O SEU FUTURO. Entretanto continua a insistir no poder, agravando ainda mais o ambiente político adverso e explosivo que se vive no país.
Bem-haja a Guiné-Bissau!