Dezenas de milhares de pessoas foram torturadas e mortas quando a Alemanha governou o território conhecido como Tanganica, atual Tanzânia, de 1890 a 1919.
"Queremos uma compensação", afirmou o ministro da Defesa da tanzaniano, Hussein Mwinyi. Este não é o primeiro processo legal contra a Alemanha pelo seu passado colonial.
"A Tanzânia segue o exemplo de outros países africanos, como Quênia e Namíbia, que solicitaram compensação às suas antigas potências coloniais. Esperamos conseguir negociar com o governo alemão", acrescentou o ministro.
No Sudoeste Africano Alemão, pesquisadores tentavam provar que as raças africanas eram inferiores às europeias, levando em navios milhares de crânios das zonas coloniais até ao então império.
O ministro da Defesa da Tanzânia, Hussein Mwinyi, afirma que o país quer ser compensado pelos massacres cometidos há mais de um século
Em novembro do ano passado, jornalistas alemães encontraram, no depósito central da Fundação Patrimônio Cultural Prussiano, 1.003 crânios da região da atual Ruanda e 60 da Tanzânia.
Historiadores estimam que até 300 mil pessoas foram mortas durante a rebelião do Maji Maji, no sul da Tanzânia, entre 1905 e 1907. Colonizadores alemães também queimaram campos dos agricultores, o que levou milhares de pessoas a morrer de fome. Foi um "ato de genocídio", disse o legislador tanzaniano à agência alemã de notícias DPA.
O deputado alemão pelo partido A Esquerda, Niema Movassat, considera que "o reconhecimento do genocídio de hereros e namas na Namíbia e a questão da compensação o encorajou o governo da Tanzânia a seguir com suas pretensões". Mas "a quantidade de vítimas na Tanzânia é ainda maior", acrescenta Niema Movassat.
Em janeiro, a Alemanha decidiu que irá pagar indenizações à Namíbia pela morte de 65 mil pessoas durante a ocupação colonial, num episódio considerado o primeiro genocídio do século XX.
Uma responsabilidade moral
O parlamentar critica a falta de debate sobre a responsabilidade da Alemanha pelo extermínio provocado em suas ex-colônias. Não há nenhum memorial que recorde os crimes e pouco é esclarecido sobre o assunto nas escolas.
Apesar de a história colonial alemã não ser bem conhecida, cresce a atenção sobre a questão por parte dos países africanos.
O deputado Niema Movassat defende que há "uma obrigação moral e histórica para a Alemanha pagar compensações". Agora, "se existe uma obrigação legal, os historiadores terão de decidir", acrescenta o parlamentar do partido A Esquerda.
Em 2013, o governo britânico aceitou indenizar cerca de cinco mil quenianos, 60 anos depois da violenta repressão ao levante Mau Mau contra as autoridades coloniais. Quase 10 mil pessoas foram mortas e milhares detidas entre 1952 e 1960.