Leia em Francês: George Weah investi président du Liberia devant des dizaines de milliers de personnes - jeuneafrique.com
O antigo futebolista e ex-senador liberiano George Weah foi hoje investido como Presidente da Libéria, substituindo Ellen Johnson-Sirleaf, numa cerimónia que constitui a primeira passagem de poderes entre chefes de Estado democraticamente eleitos em 74 anos.
Weah, 51 anos e considerado o melhor futebolista africano da História, prestou juramento perante cerca de 35.000 pessoas, entre elas vários Presidentes de África, no Estádio Samuel Doe, situado nos arredores da capital liberiana, Monróvia.
Com Weah foi também empossada como vice-presidente Jewel Howard-Taylor, ex-mulher do antigo presidente Charles Taylor, que cumpre desde abril de 2013 uma pena de prisão de 50 anos num estabelecimento prisional britânico pelo papel desempenhado na guerra civil na vizinha Serra Leoa.
Weah chegou à chefia do Estado depois de vencer a segunda volta das presidenciais realizadas a 26 de dezembro último, em que obteve 61,5% dos votos (derrotou Joseph Boakai - 38,5% dos votos), e sucede à primeira mulher a presidir um país africano, Ellen Johnson-Sirleaf, Nobel da Paz em 2011, constitucionalmente impedida de concorrer a um terceiro mandato.
A história da Libéria, que faz fronteira com a Serra Leoa, Guiné-Conacri e Costa do Marfim, além de ser banhada pelo oceano Atlântico, é única entre as nações africanas, pois é um dos dois países da África Subsaariana, tal como a Etiópia, sem raízes na colonização da África.
A Libéria, atualmente com cerca de quatro milhões de habitantes, foi fundada e colonizada por escravos americanos libertados com a ajuda entre 1821 e 1822, da organização privada American Colonization Society, na premissa de que os ex-escravos americanos teriam maior liberdade e igualdade nesta nova nação.
A braços com uma crise económica e social significativamente agravada após a epidemia de ébola, em 2014, a Libéria tenta, aos poucos, recuperar da devastadora guerra civil que assolou o país entre 1999 e 2003, que provocou mais de 250 mil mortes.
Após a guerra civil, a Libéria recuperou as exportações de cacau, café, ferro, ouro e diamantes e conseguiu cancelar os quase 4.000 milhões de dólares (3.400 milhões de euros) de dívida, o que permitiu que o Produto Interno Bruto (PIB) passasse de um crescimento negativo de 31,3% em 2003 para um positivo de 8% em 2005.
O PIB manteve esta tendência até 2013, ano em que o Governo anunciou um crescimento de 7% para 2014, previsão redondamente falhada por causa do aparecimento da epidemia que, só na Libéria, contagiou 10.322 pessoas e matou 4.608 deles.
O plano de contingência então posto em marcha para travar a epidemia, que, entre outras medidas, levou ao encerramento das fronteiras, teve um reflexo significativamente negativo na economia, com a taxa de crescimento a limitar-se a 0,7%.
Em 2015, o crescimento do PIB foi nulo (0%) e em 2016 entrou perigosamente no "vermelho" (-1,6%), o que deixou o país, já em si um dos mais pobres do mundo, numa situação ainda mais delicada.
Fonte: Lusa, em https://www.dn.pt