Atualizado: 20:37
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Os familiares de dirigentes políticos e militares guineenses assassinados em 2009 insurgiram-se, em carta dirigida ao Procurador-geral da República, contra o regresso ao país do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que acusam de “mãos sujas de sangue”.
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Os familiares de dirigentes políticos e militares guineenses assassinados em 2009 insurgiram-se, em carta dirigida ao Procurador-geral da República, contra o regresso ao país do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que acusam de “mãos sujas de sangue”.
Em carta a que a Lusa teve acesso, os familiares do ex-Presidente ‘Nino’ Vieira, do ex-chefe das Forças Armadas Tagme Na Waié e dos ex-governantes Hélder Proença, Baciro Dabó e Roberto Cacheu afirmam que os mortos “precisam que lhes seja feita justiça”.
Acusam ainda Carlos Gomes Júnior de ter fugido de procedimentos judiciais em Portugal indo residir em Cabo Verde, na sequência de uma alegada carta rogatória do Ministério Público guineense enviada à justiça portuguesa, no intuito de o inquerir sobre os assassínios em Bissau.
“Carlos Gomes Júnior é um homem de mãos sujas de sangue do general João Bernardo ‘Nino’ Vieira, general Tagme Na Waié, major Baciro Dabó, Helder Proença, e Roberto Ferreira Cacheu”, lê-se na carta dos familiares endereçada ao Procurador. Esclarecem que não são contrários ao retorno do ex-primeiro-ministro ao país, apenas, sublinham, querem que ele seja levado à justiça.
Carlos Gomes Júnior, hoje recebido em audiência pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, disse estar de “consciência tranquila” e pronto para responder à justiça se for convocado.
“Se houver alguma coisa da qual sou passível de responder à justiça, porque não”, respondeu Gomes Júnior, em declarações aos jornalistas, a saída da audiência com José Mário Vaz, que visitou enquanto “amigo e ex-colaborador” no Governo por si liderado no passado.
Sem entrar em pormenores, o ex-primeiro-ministro afirmou que “dorme de forma tranquila, sem precisar de remédios” e que pode andar à vontade pela cidade de Bissau sem necessitar de segurança especial.
Carlos Gomes Júnior é apontado pelos familiares e amigos de ‘Nino’ Vieira como autor moral do assassínio do ex-Presidente, ocorrido na madrugada do dia 02 de março de 2009 na sua residência, em Bissau.
Os dois homens foram tidos como amigos chegados no passado e o próprio Gomes Júnior admitiu várias vezes ter entrado para a vida política ativa pelas mãos de ‘Nino’ Vieira, então líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que Gomes Júnior viria a dirigir também durante 12 anos.
Com o passar dos anos, as relações entre os dois dirigentes deterioram-se. ‘Nino’ Vieira seria obrigado a exilar-se também em Portugal, depois de ter sido derrubado pelos militares num golpe. Carlos Gomes Júnior é primeiro-ministro e, regressado ao país, ‘Nino’ Vieira é eleito Presidente da República.
Depois de eleito, Nino Vieira demite Carlos Gomes Júnior do cargo de primeiro-ministro, acentuando ainda mais as clivagens entre os dois.
MB // VM