segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

PAIGC ESTÁ "CÉTICO" QUANTO À DEMISSÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO GUINEENSE

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Umaro Sissoco Embaló 
Em entrevista à DW África, o secretário nacional do PAIGC, Ali Hijazi, volta a defender a nomeação de Augusto Olivais para o cargo de primeiro-ministro e o respeito ao Acordo de Conacri.

Na Guiné-Bissau, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as últimas eleições guineenses, mas continua vedado ao poder, está "cético" em relação ao pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro Umaro Sissoco Embaló, na passada sexta-feira (12.01).

Em entrevista à DW África, numa primeira reação à renúncia do primeiro-ministro, que ainda não foi confirmada pelo Presidente José Mário Vaz, o secretário nacional do PAIGC, Ali Hijazi, afirma que esta não é a primeira vez que Embaló apresenta a sua renuncia.

"Por isso, o PAIGC continua cético em relação a esse pedido de demissão. A mim me parece, segundo informações, é a segunda vez que ele apresenta este pedido, razão pela qual nós estamos um pouco reticentes se o Presidente da República irá, na realidade, cumprir o Acordo de Conacri ou não", disse Hijazi.

Entre as medidas estabelecidas pelo Acordo de Conacri, assinado em outubro de 2016, está a formação de um Governo consensual, cujo primeiro-ministro seria Augusto Olivais. Para o secretário nacional do PAIGC, esta seria a saída para crise política no país.

Vontade política

Entretanto, Ali Hijazi entende que a solução para crise vigente vai depender muito da vontade política do Presidente José Mário Vaz, a quem ele acusa de continuar a promover a instabilidade e insegurança social no país.

Guinea-Bissau Jose Mario Vaz
Presidente José Mário Vaz

"A corrupção hoje em dia é generalizada na Guiné-Bissau dada à persistência da crise política sustentada por José Mário Vaz há mais de dois anos", frisou.

Mesmo sem reações da Presidência, que confirmou estar analisando o pedido de demissão do primeiro-ministro, a renúncia de Umaro Sissoco Embaló começa a suscitar movimentações políticas na capital guineense.

No sábado, houve uma reunião entre o Partido da Renovação Social (PRS), formação que suporta o atual Governo, e o grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC.

A expetativa dos guineenses é que, nos próximos dias, uma decisão do Presidente José Mário Vaz poderá pôr termo à crise política vivida no país.

Fonte: DW África

Leia também: 

Guiné-Bissau: Presidente analisa pedido de demissão do primeiro-ministro

Umaro Sissoco Embaló apresentou o seu segundo pedido de demissão do cargo, esta sexta-feira (12.01), sem citar motivos. Presidência confirmou que está a analisar a solicitação.

default O primeiro-ministro guineense Umaro Sissoco Embaló (à esquerda) e o Presidente José Mário Vaz

De acordo com fonte da Presidência guineense, que confirmou o recebimento da carta de demissão do primeiro-ministro, após a análise do documento, José Mário Vaz vai "informar o país sobre a aceitação ou não", segundo citou agência de notícias Lusa.

Caso o pedido de demissão seja aceite, o Presidente deverá publicar um decreto a anunciar a exoneração de Embaló, que já é o quinto primeiro-ministro nomeado desde as legislativas de 2012.

Além de enviar carta de demissão ao gabinete presidencial, Umaro Sissoco Embaló, que ocupa o cargo desde 18 de novembro de 2016, anunciou a sua sua posição na sua página no Facebook.

Na publicação exposta na rede social, Embaló não especificou os motivos para o pedido de demissão, referindo apenas que havia apresentado ao chefe de Estado guineense a sua demissão pela segunda vez – a primeira foi a 6 de dezembro do ano passado.

Entretanto, segundo a edição online do jornal guineense "O Democrata", citado também pela agência Lusa, o pedido de demissão do primeiro-ministro tem a ver com uma situação que envolve os ministros João Fadiá, das Finanças, e Botche Candé, do Interior – facto que Embaló "não digeriu bem", de acordo com fontes ouvidas pelo "O Democrata".

O jornal afirma que o primeiro-ministro considerou que o Presidente, neste caso, esteve do lado dos seus ministros.

Guinea-Bissau Umaro Sissoco Embaló disse que entregou ao Presidente um primeiro pedido de demissão no início de dezembro

"Demissão de Embaló não resolve problema em Bissau"

No mesmo dia em que Embaló apresentou o seu pedido de demissão a José Mário Vaz, o Movimento de Cidadãos Inconformados com a crise política no país acusou a comunidade internacional de "passividade e de brincadeira com o povo guineense", que sofre "com um regime anticonstitucional da República".

O porta-voz criticou a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a representação da ONU em Bissau, acusando-as de "falta de posição clara" perante a crise guineense.

"Estamos a pedir à comunidade internacional que se posicione de forma incisiva para demonstrar que, de facto, compreende o problema em que estamos, para demonstrar que não está a dormir perante um Governo ilegal", declarou Sumaila Djaló.

Sobre o pedido de demissão do primeiro-ministro, o porta-voz dos Inconformados disse que a saída de Embaló "por si só não resolve o problema".

"Se o 'Jomav' quiser demitir o seu Governo que o demita. Mas o problema é o Presidente, que deve demitir-se para irmos a eleições gerais antecipadas, em 2018", notou Djaló, referindo-se a José Mário Vaz pelo nome pelo qual é conhecido no país.

Fonte: DW África