Ziguinchor - Um dos principais líderes da rebelião de Casamança, Salif Sadio, advertiu que as operações lançadas pelo exército senegalês desde o massacre de 14 agentes florestais poderão "pôr em causa" a trégua ou mesmo o processo de paz nesta região do sul do Senegal.
Salif Sadio, de 64 anos, falava em entrevista à AFP e uma rádio local realizada terça-feira na mata perto da fronteira com a Gâmbia.
Após vários anos de calma, a Casamança conheceu o reacender da violência a 06 de Janeiro na sequência do massacre, por homens armados, de 14 homens que foram buscar madeira na floresta protegida de Bayotte, perto de Ziguinchor, a principal cidade da região.
Desde então, o exército multiplicou as operações de limpeza. Mais de 20 suspeitos foram capturados, dos quais 16 foram acusados de associação de malfeitores, assassinato, participação num movimento insurreccional e posse de armas sem licença.
Pelo menos um "homem armado" e um presumível "rebelde" foram mortos por soldados senegaleses, a 14 e 20 de Janeiro, segundo fontes militares, nos primeiros confrontos mortíferos com o exército registados há vários anos.
O Movimento Democrático das Forças da Casamança (MFDC), que realiza desde 1982 uma rebelião independentista, observa "há três anos uma trégua unilateral", anunciou Salif Sadio, para quem "o assassinato foi apenas um pretexto que serviu ao exército senegalês para desencadear operações militares em Casamança".
"Se as operações continuarem, seremos forçados a quebrar a trégua e isso pode pôr em causa todo o processo de paz", acrescentou, referindo-se à retomada das negociações em Outubro de 2017, em Roma, sob a égide da comunidade católica de Sant'Egidio.
Em 35 anos, o conflito deixou milhares de vítimas civis e militares, devastou a economia desta região agrícola e turística, cercada ao norte pela Gâmbia e ao sul pela Guiné-Bissau, e obrigou à fuga de muitos habitantes.
Fonte: Angop
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