O escritor e docente universitário afirmou esta quarta-feira (17 de Janeiro), que há um grande “deficit” de liderança em todos os quadrantes sociais.
Em entrevista exclusiva à Rádio Jovem, Santos Fernandes sustentou que a inversão de valores no seio familiar tem contribuído para a atual situação que o país atravessa.
“Os líderes que temos atualmente têm falhado muito, porque não estão preparados para assumir grandes responsabilidades na hierarquia do Estado e isso reflete muito na nossa sociedade”, frisou Fernandes.
O escritor lança no próximo dia 22 do mês em curso uma obra intitulada “Lideranças na Guiné-Bissau: avanços e recuos”, que pretende identificar e discutir os comportamentos das principais lideranças na Guiné-Bissau que se revelaram fundamentais para a evolução do país nos últimos quarenta anos.
Santos Fernandes referiu que o livro quer provocar um debate sobre o que tem impedido o exercício do poder no país.
“Já se passaram 43 anos após a independência, a Guiné-Bissau não conseguiu acompanhar o andar da carruagem se compararmos com os países da sub-região ou até mesmo o nosso país-irmão Cabo-Verde, daí pergunto por que é que não conseguimos avançar, será a falta de uma liderança política?”
O escritor citou por outro lado, os avanços registados nas ditas “lideranças”, como por exemplo, as organizações juvenis, associativismo e liderança feminina, empreendedorismo juvenil que tem emergido nos últimos tempos para a autossustentabilidade das famílias.
A obra a ser lançada traça a ponte entre a experiência histórica do país e a fase contemporânea através de análise documental e a investigação da temática de liderança. O processo da evolução política e histórica do país, o papel desempenhado pelo regime monolítico do (PAIGC) para a configuração das novas lideranças, a influência da sociedade civil e os conflitos sociais e militares são temas de relevância que mereceu estudo, contou o escritor.
O autor afirma no livro que os líderes políticos guineenses ainda não interiorizaram os valores democráticos, devido a luta pelo poder que tem sido confundida sistematicamente num claro sinal de luta pelo protagonismo.
“As conclusões desse estudo resultam dos inquéritos feitos pelos académicos da Universidade Colinas de Boé com as principais lideranças nacionais que julgámos importantes, porquanto compusemos essa publicação para que, no nosso entendimento sobre a realidade guineense, tivesse os contributos de outros autores, em consonância ou não com os nossos entendimentos”, concluiu Santos.
O livro pretende com total modéstia, homenagear o falecido reitor da Universidade Colinas de Boé, doutor Fafali Koudawo, pelos inúmeros contributos seus a favor do saber.
// Sãosinha Costa