terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ANGOLA: EX-MILITARES DE TODOS OS PARTIDOS AMEAÇAM MANIFESTAÇÕES


Folha 8, 17 janeiro 2014
GOVERNO CALOTEIRO NÃO PAGA
Um grupo de ex-milita­res das ex­tintas FA­PLA, FALA e ELNA apelam novamente ao Executivo para que resolva com ur­gência os seus problemas ligados à sua inserção na Caixa de Segurança So­cial das Forças Armadas e ao pagamento de sub­sídios. Os desmobiliza­dos penas exigem uma pensão mensal, para que possam sobreviver com o mínimo, pois dignidade, sabem que este governo já lhes roubou definitiva­mente.
O que eles pedem é o mínimo, que um gover­no responsável pode dar a milhares de angolanos que deram o melhor de si para a defesa da pá­tria, pois um pagamento do tipo indemnização a homens, que quase nada mais sabem fazer do que disparar é um risco à es­tabilidade do país. “Não serão meia dúzia de gene­rais de barriga cheia” que impedirão os ex-militares de sair à rua, dizia a este propósito, em Agosto de 2012, o general Silva Ma­teus.
Os antigos militares di­zem, com toda a razão, que contribuíram para a independência mas que hoje são esquecidos. As­sim, uma das alternativas para saírem do esqueci­mento é, dizem, sair à rua para uma vaga de mani­festações. Dão, contudo, dois meses ao Governo para resolver a questão.
“Somos ex-militares, pelo tempo que nós conquista­mos a paz aqui no nosso País até hoje nós estamos mal, o governo não nos olha. Viemos aqui para levantar a voz para ver se o governo nos escuta, não estamos a pedir aju­da, queremos simples­mente que o governo nos escute e resolva a nossa situação”, afirmou um dos ex-militares que por razões de segurança (eles conhecem bem as regras do regime) preferiu ano­nimato.
De acordo com o mesmo militar, “vamos esperar os meses de Janeiro e Feve­reiro, se porventura o go­verno não se pronunciar, não disser mesmo nada, nós vamos para a rua. Nós todos já estamos bem or­ganizados e prontos para ir para a rua à luz do Arti­go 47 da Constituição”.
“Apelamos mais uma vez aos nossos companheiros que não sabem como nos estamos a organizar, os da ODP, ONSP, FAPLA, BPV, FALA, FLEC, ELNA, viúvas e órfãos, que fi­ quem atentos e vão saber o que pretendemos fazer”, acrescentam.
Mário Pinto Sozinho, tam­bém ex-militar, reforçou a ideia, dizendo que em 2008, o governo entregou no Regimento das Comu­nicações algumas guias para que as pessoas le­vantassem o dinheiro nos bancos, o que infelizmen­te não aconteceu.
“Todos esses que recebe­ram essas guias até hoje não receberam o seu di­nheiro, chegam ao banco e não há dinheiro. Muitas dessas pessoas estão a morrer deixando as suas guias e o seu dinheiro”, explicou Mário Pinto So­zinho, sublinhando ser essa a razão pela qual a manifestação ganha força.