sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

GUINÉ-BISSAU: PROJETO AGRÍCOLA PORTUGUÊS "SALVA" COM ELETRICIDADE ARREDORES DE BISSAU – REPORTAGEM EM WWW.LUSA.PT


Bissau, 31 jan (Lusa) - Luís Mateus deixou Portugal para se dedicar à agricultura na Guiné-Bissau, sem nunca pensar que passaria a ser um dos principais fornecedores de eletricidade nos arredores da capital.
Tudo começou quando a empresa agrícola que representa, em Safim, instalou um gerador para abastecer um estaleiro.
"Não estava previsto fornecermos eletricidade, mas um grupo de pessoas pediu para lhes levarmos energia para casa", nas imediações, dado que na Guiné-Bissau não há redes de eletricidade nem água, explica Luís Mateus. O que resta do serviço público só por vezes funciona nalgumas zonas da capital.
O negócio cresceu e hoje, para além de produtos agrícolas, os geradores da Agro Safim fornecem eletricidade 24 horas por dia a cerca de 200 clientes, entre as quais entidades públicas, e com nova expansão no horizonte.
"Estamos a contar chegar até perto do aeroporto", à entrada de Bissau, acrescenta o responsável pela empresa, que acredita na viabilidade do negócio.
Num país onde não há eletricidade, a firma de capitais portugueses abastece os clientes desde fevereiro de 2013, 24 horas por dia, com técnicos disponíveis para resolver quaisquer problemas.
"Este é um país com muitas oportunidades, porque há pouca coisa", acredita Luís Mateus.
Tanto é assim que não se demove com avaliações como a que foi feita no final de 2013 pela revista internacional Forbes que classificou a Guiné-Bissau como o pior país do mundo para fazer negócios, entre 145 - usando indicadores como direitos de propriedade, impostos, corrupção e liberdades.
É preciso "coragem", mas "é mesmo por isso que viemos para cá: aqui vamos ser bons e se fosse noutro pais, se calhar, não eramos", ironiza Luís Mateus.
Ele é a face da Agro Safim com capitais portugueses e que ocupa 15 hectares em Safim, às portas da capital, com uma equipa luos-guineense de algumas dezenas de pessoas, num país onde se conta pelos dedos das mãos quem faz agricultura mecanizada.
Nos terrenos saltam à vista as estufas, coisa rara, e os canais, abertos depois de construído um pequeno dique que permitiu travar as marés de água salgada que inviabilizavam qualquer cultura.
O projeto dura há pouco mais de um ano, ainda não dá lucro, mas aos poucos "ganham-se clientes" e a confiança das autoridades e parceiros internacionais, que ainda há poucos meses incluíram a propriedade num roteiro ministerial e de parceiros internacionais, de visita a bons exemplos de exploração agrícola.
"Tentamos abastecer o mercado. Fazemos experiências com tomate, cebola, alface, pepino, melão e melancia", descreve Luís Mateus.
Produtos difíceis de encontrar e com os quais já conquistou vários restaurantes, vendedoras de feira e outros estabelecimentos, refere
"É um projeto a longo prazo e na agricultura são necessário vários anos para alcançar objetivos", conclui, antes de mostrar a próxima aposta: pequenas laranjeiras, trazidas de Portugal e que vão crescer num recanto da Guiné-Bissau. Lusa