Chimoio, Moçambique, 28 jan (Lusa) - O
número de mortes por crimes passionais cresceu nos últimos dois anos na
província de Manica, centro de Moçambique, o que está a preocupar a Polícia,
disse hoje à Lusa fonte da corporação.
Estatísticas do comando da Policia de
Manica indicam que, em 2013, foram registados 57 homicídios qualificados, por
ciúmes e acusações de feitiçaria, quatro a mais do que no período homólogo de
2012. Cerca de um quarto de todos os casos foram praticados na capital,
Chimoio.
"Preocupa-nos sobremaneira,
primeiro o recrudescimento dos casos de homicídios, mas também o facto de se
estar a fazer justiça pelas próprias mãos, razão pela qual nas nossas reuniões
com a comunidade temos apelado à população a não recorrer a este tipo de atos",
disse à Lusa Vasco Matusse, porta-voz da Polícia em Manica.
Depois da cidade de Chimoio (com 12
casos), o distrito de Sussundenga segue na lista, com 10 mortes. Gondola e
Machaze tiveram sete homicídios cada, e os restantes 21 casos foram
distribuídos em mais seis distritos.
"O crescimento de homicídios
qualificados significa que a população ainda não acatou os apelos da polícia
para travar a justiça com as suas próprias mãos. No entanto, nós temos estado a
instar a população no sentido de recorrem às instituições de administração da
justiça, preparadas para resolverem casos dessa natureza", explicou Vasco
Matusse.
Segundo a Polícia, em Sussundenga um
homem, de 35 anos, matou a mulher com vários golpes na cabeça depois de uma
desconfiança de traição. Um outro homem, de 44 anos, agrediu fisicamente a
mulher até à morte em Machaze, supostamente dias depois de a esposa ter entrado
em "greve de sexo".
Ainda em Machaze, um jovem de 29 anos
matou o pai a murros, alegadamente porque o progenitor impedia o seu
desenvolvimento, familiar e económico, com recurso a feitiçaria.
"Não existe um estudo para avançar
se há razões de natureza étnica implicadas no facto de estes distritos estarem
no topo histórico em homicídios ligados a casos passionais e justiça pelas
próprias mãos", precisou Vasco Matusse, admitindo a necessidade de uma
análise etnológica e criminal nas regiões mais afetadas por este tipo de crime. Fonte:Aqui / Lusa