domingo, 21 de setembro de 2014

EDITORIAL: NOVA GERAÇÃO VERSUS HOMEM NOVO

Edição74
 
Prolifera na nossa sociedade o conceito da nova geração em cuja forma eufórica e emocional, como está a ser disseminada, faz-nos lembrar a geração da pós-independência, denominada, na altura, de homem novo. A geração pós-independente reivindicava também, como a nova geração de hoje, em todos os domínios (na música, na arte, na literatura, no desporto e na política…), um espaço para um homem novo poder assumir as rédeas do destino do nosso país. Mas o resultado está hoje a vista de todos e fala por si.
 
O “homem novo” da pós-independência não passou de um artista popular do gueto que corre sempre risco de pagar a dívida do álcool que não bebeu num contentor de um bairro onde nunca atuou. Pelo andar da carruagem, assusta-nos que o tão propalado conceito da nova geração leva, de uma forma eufórica e emocional, a população ativa do nosso país a assumir como ideal social o modelo da barriga que, na sua forma estruturante, atrofia a competência inteletual no processo de desenvolvimento da nossa sociedade.
 
Cabular conhecimentos intelectuais no Facebook é um risco para a nova geração nacional, porque pode desmoronar as paredes das suas almas, fazendo-as flutuar nas águas do rio Geba e tudo será, para os jovens nacionais, um mar de rosas que instaurará a confusão social entre a opinião pública e a multidão “guetonizada” intelectualmente nas novas formas de comunicação. Infelizmente, a doença infantil da nova geração nacional é cabular os conhecimentos intelectuais na internet, onde, por vezes, há tanta calinada académica num pequeno texto.
 
Estas novas formas de comunicação exigem rigor na seleção do produto intelectual que consumimos. Ao invés “guetonizamos” a nossa visão de análise dos fenómenos sociais a nossa volta e atrofiamos, assim, a nossa capacidade intelectual de contribuir para o desenvolvimento da Nação. As novas formas de comunicação criam uma linguagem híbrida que mescla caraterísticas da língua escrita e falada. Por isso, ler, diariamente, um jornal, uma revista ou um livro é estar sintonizado com a verdadeira realidade social do mundo intelectual.
 
Infelizmente, não é o caso da nova geração nacional, porque a maioria tem a memória de galo e prefere cabular os conhecimentos intelectuais no facebook ou “guetonizado” nas bancadas que proliferam por todo o país.
 
Apenas uma franja insignificante que possui a memória de elefante que resiste a tentação da velocidade de cábula de conhecimentos académicos nos novos formatos de comunicação para todos. A euforia e a emoção podem levar a nova geração nacional a ler na mesma cartilha do homem novo da pós-independência.
 
Aliás, já é visível, com a ausência da promoção de jovens trabalhadores na nossa administração pública. É bom que a nova geração saiba controlar a sua euforia e emoção e colocar a racionalidade ao serviço deste povo martirizado, plantado nas margens do rio Geba.
 
Porque é pela obra que se conhece o artista, pela palha que se conhece a espiga e pela aragem que se conhece quem vai na carruagem do comboio da reconstrução do país.

Por: António Nhaga
Diretor-Geral
antonionhaga@hotmail.com
 
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