sexta-feira, 26 de setembro de 2014

EDITORIAL: QUEM É VERDADEIRO PORTA-VOZ DO ATUAL GOVERNO?

 
Em três meses de exercício, o executivo liderado pelo Engenheiro Domingos Simões tem sido caraterizado por uma vaga de discursos sem enquadramento. E isso nos leva a fazer a seguinte pergunta: Quem é o verdadeiro porta-voz do atual governo? A interrogação tem toda sua razão de ser colocada na janela do silêncio do Ministro da Presidência do Conselho dos Ministros, Dr. Baciro Dja, dado inicialmente como porta-voz do governo. Já o deixou de ser? Desde quando e porquê?
 
Na verdade, Dr. Dja tem adoptado, até aqui, uma postura discreta e na prática não tem feito o papel do comunicador das ações governamentais para o público. Em consequência desse silêncio ou vazio, cada membro do executivo tenta ser chefe de orquestra no seu próprio pelouro. Cada qual é responsável e porta-voz do seu departamento. Incrível! E em jeito de tentar controlar a situação, o chefe do governo multiplica pronunciamentos em pronunciamentos.
 
Esse estilo de comunicação além de favorecer tentações de protagonismo de dirigentes no espaço público, acaba por semear confusão na cabeça do cidadão que em vez de ser bem informado é “bombardeado” com discursos vazios e populistas.
 
Importa lembrar que a comunicação é uma ciência com procedimentos e técnicas que quando não são corretamente aplicados podem ter impacto muito negativo no funcionamento de uma organização. O governo enquanto gestor por excelência da política de Estado, deve definir a sua estratégia de comunicação conhecida pela opinião pública.
 
Lamentavelmente, o que temos assistido até agora é uma completa anarquia comunicacional. Com a exceção das reuniões do Conselho de Ministros que são sancionados com comunicados; o resto é uma autêntica desordem. Ora é o ministro do Interior a falar em nome do governo e do Presidente da República, ora é a ministra da Defesa que aparece na imprensa a falar de assuntos que normalmente deviam ser comunicados pelo porta-voz do governo.
 
Para um país que está no a procura do rumo, este estilo de comunicação é contraproducente. O governo deve rapidamente mudar a forma de comunicar para com o público através de uma estratégia comunicacional que favoreça a figura de um porta-voz. Isto não impedirá que cada ministro se pronuncie sobre assuntos específicos ao seu pelouro. As ações com maior relevância sobre a governação em geral, devem ser anunciadas pelo Chefe do executivo ou pelo porta-voz do governo.
 
É a hora de o Primeiro-Ministro ter a coragem de definir claramente a tarefa de cada membro da sua equipa e parar com o atual jogo de protagonismos que a uma certa medida deixa transparecer doce de populismo, o típico do Guineense. O nosso país já não precisa de dirigentes populistas. Este país precisa, sim, de homens e mulheres competentes abertos ao diálogo, firmes e justos na implementação das políticas públicas rumo ao progresso e ao bem-estar coletivo.