quarta-feira, 19 de novembro de 2014

GUINÉ-BISSAU REGISTOU ATÉ HOJE 16 CASOS SUSPEITOS DE ÉBOLA, MAS NENHUM SE CONFIRMOU, DIZ OMS

Agora qualquer coisinha, as suspeitas recaem sobre o ébola.
 
A Guiné-Bissau registou até hoje 16 casos suspeitos de ébola, mas nenhum deles confirmado, anunciou hoje uma missão da Organização Mundial de Saúde (OMS) que visitou o país durante uma semana.
 
Das 16 situações comunicadas e investigadas, foi pedida a intervenção adicional da equipa dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) em oito delas, mas sem que o vírus tenha sido encontrado.
 
Os números foram apresentados hoje nas instalações do Ministério da Saúde, em Bissau, durante uma apresentação em que participaram os nove membros da comitiva da OMS, para fazer o balanço da visita destinada a avaliar a prevenção do ébola no país. A comitiva saudou a criação de uma equipa de resposta rápida pelas entidades guineenses para acudir às situações suspeitas. Trata-se de seis médicos e dois técnicos estacionados em Bissau, formados pelos MSF, e que se deslocam a qualquer ponto do país para fazer a avaliação clínica de casos suspeitos, recolher amostras e, quando necessário, providenciar o isolamento do doente.
 
No último fim-de-semana, os membros da equipa rápida celebraram contratos de trabalho com o Estado guineense por seis meses. A OMS, por seu lado, já garantiu a reparação de dois veículos, combustível e verbas para pagar aos motoristas, por forma a assegurar o funcionamento da equipa de resposta rápida. Ainda de acordo com os dados hoje anunciados, vão ser formados mais oito enfermeiros para reforçar este grupo.
 
A maior fragilidade está no transporte das amostras para o laboratório de diagnóstico: terá que seguir por terra (por nenhuma das companhias aéreas que passa por Bissau as aceitar transportar) para Dakar, Senegal, a mil quilómetros de distância e a cerca de 12 horas de viagem, referiram. A OMS recomendou que o trajeto seja testado e que, a médio prazo, sejam instalados equipamentos e formado pessoal para o laboratório de saúde pública de Bissau poder fazer o despiste do vírus.
 
Por outro lado, o centro de tratamento de ébola, no Hospital Simão Mendes, em Bissau (para onde deverão ser conduzidos eventuais casos), aguarda ainda pelo desalfandegamento de camas transportadas por via marítima. A entrada em estado de prontidão está também dependente da instalação de um incinerador de resíduos e de um aparelho de esterilização, ambos já na unidade, mas ainda encaixotados.
 
Mesmo estando o país livre do vírus, «tudo tem de estar pronto» para a eventualidade de a ameaça surgir, reforçou Regina Ungerer, líder da comitiva da OMS, durante o encontro.
 
Medidas de prevenção por realizar
 
Apesar de o cenário ser favorável para a Guiné-Bissau, a verdade é que ainda está muito por fazer. A larga maioria das medidas necessárias para prevenir o ébola no país estão por pôr em prática, mas o país tem capacidade para rapidamente mudar o cenário, considerou a OMS.
 
«Apesar de [a prevenção] não estar a 100%, as condições estão colocadas para que esteja em prática no menor prazo possível», referiu Regina Ungerer.
 
Das dez áreas de intervenção definidas pela OMS para prevenir a infeção, só em três a Guiné-Bissau consegue um grau de execução de medidas superior a 50%: vigilância epidemiológica, criação de uma equipa rápida de resposta e sensibilização da população.
 
No mesmo encontro, Regina Ungerer pediu às entidades guineenses que deem prioridade à simulação de recolha de amostras e ao encaminhamento para o laboratório de diagnóstico em Dakar. Este caminho, necessário para confirmar se um eventual caso é uma infeção por ébola, está definido no papel, mas «nunca foi testado», realçou.
 
Outras das prioridades apontadas pela OMS é a reabertura de fronteiras com a Guiné-Conacri (a leste e a sul), uma vez que o encerramento (decidido pelo governo desde agosto) multiplica as passagens ilegais, prejudicando o controlo, além de dificultar a troca de informação entre países.
 
Foi ainda pedido que sejam criadas equipas para a realização de funerais seguros: no país há 194 sacos para enterrar eventuais corpos infetados, mas falta formar pessoal acerca dos procedimentos (que são complexos, segundo referiram membros da missão) que evitam a propagação do vírus a partir de corpos contaminados.
 
Transversal a todas as áreas foi o pedido da OMS para as entidades da Guiné-Bissau melhorarem a coordenação entre si e prepararem melhor cada tarefa, preocupando-se com os detalhes de cada uma. «Há um plano de contenção e estamos satisfeitos com ele. Nem tudo está perfeito, mas muitas coisas já estão em prática.
 
O que recomendamos é que as ações que não estão totalmente definidas passem a estar», resumiu Regina Ungerer. «Claro que o governo está sobrecarregado e precisa de auxílio», acrescentou, garantindo o apoio da OMS, além da ajuda que tem sido dada por outros parceiros. A epidemia de Ébola na África Ocidental já contagiou mais de 14 mil pessoas tendo provocado a morte a mais de 5 mil. Fonte: Aqui

Leia também: Fraco sistema de saúde e circulação limitada podem explicar ausência de ébola na Guiné-Bissau