Se calhar o recado era para Moçambique.
A Guiné-Bissau não precisa de lições de uma organização mafiosa, sem credibilidade como a CPLP.
Lisboa, 17 mar (Lusa) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encorajou as autoridades da Guiné-Bissau a "procurarem soluções políticas duradouras que garantam a estabilidade política" e a continuidade do apoio internacional, alertando para a "possibilidade de fadiga" dos doadores.
A posição consta do comunicado final da XIV reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP, que hoje decorreu na sede da organização, em Lisboa, e que decidiu também estender o mandato do representante especial da comunidade [o cabo-verdiano António Alves Lopes] em Bissau, até 31 de julho de 2016".
"[O Conselho de Ministros] encorajou, assim, as autoridades da Guiné-Bissau - Presidente da República, Assembleia Nacional Popular, Governo, e principais partidos políticos - a procurarem soluções políticas duradouras, que garantam a estabilidade política e permitam que a comunidade internacional possa manter o seu apoio, no quadro dos compromissos assumidos na conferência de parceiros para o desenvolvimento, que teve lugar em Bruxelas, em março de 2015", lê-se no comunicado.
"Foi também concordado que a CPLP, conjuntamente com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO], iria efetuar as concertações necessárias com outras organizações envolvidas no grupo internacional de contacto para o estabelecimento de uma data e local para o próximo encontro", disse aos jornalistas o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação timorense, Hernâni Coelho, em conferência de imprensa após a reunião dos chefes da diplomacia dos nove países da comunidade.
"Sabemos que ainda existe um impasse que deve ser ultrapassado. O mais importante é que devemos criar um clima de confiança na sociedade guineense e também na comunidade internacional, para possibilitar a implementação do programa "Terra Ranka" apresentado em Bruxelas em 2015", e que recolheu mil milhões de euros de apoios, defendeu o ministro, que exerce a presidência do Conselho de Ministros da CPLP.
Hernâni Coelho referiu que "a preocupação que foi colocada é a possibilidade de fadiga dos doadores em relação à situação da Guiné-Bissau", pelo que a CPLP apela para a "necessidade de encontrar mecanismos próprios e enquadramentos na conjuntura política da Guiné-Bissau no sentido de não permitir que essa situação pudesse causar uma fadiga internacional e também se alastrasse por um período indeterminado".
"Quando vai acabar [a crise política que o país atravessa desde o verão passado], sinceramente não sei. As nossas organizações estão envolvidas e empenhadas nesse processo, a fazer tudo ao nosso alcance para contribuir para a normalização da Guiné-Bissau e possibilitar a implementação do programa" de apoio internacional, garantiu.
"Temos o Governo a funcionar, precisamos neste momento que seja dotado dos meios e recursos financeiros necessários para poder fazer os programas", acrescentou.
Durante a reunião de hoje, os ministros analisaram os relatórios do representante especial e da missão realizada em fevereiro por Hernâni Coelho e pelo secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy.
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido no Governo, estão em confronto político desde o verão de 2015, num diferendo que extravasou para o Parlamento e o tem impedido de funcionar. A crise política motivou já a visita de uma delegação do Conselho de Segurança da ONU, que recomendou aos líderes guineenses "respeito pelas regras institucionais".
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