segunda-feira, 21 de março de 2016

MINAS DE OURO NA NIGÉRIA: TRABALHO MORTAL PARA CRIANÇAS

Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Minen

Veneno dourado

Centenas de crianças trabalham, todos os dias, em minas de ouro na Nigéria. Em maio, 28 crianças morreram, envenenadas com chumbo - todas menores de seis anos. Os irmãos tinham levado pedras da mina para casa. Para separar o metal precioso da pedra, usa-se produtos químicos tóxicos. Pequenas quantidades podem ser fatais para um menor de seis anos.

Normalidade assustadora

Basta o contacto com roupas contaminadas com chumbo para crianças menores de seis anos entrarem em colapso. Meses depois da tragédia na Nigéria, a realidade continua a ser assustadora: muitas das crianças que trabalham nas minas de ouro têm à volta de seis anos de idade. Garimpam dia após dia, de manhã à noite. Aqui, mal se vê adultos.
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Erschreckende Realität
 

Pó de chumbo mortal

Para proteger melhor as crianças, uma organização promove uma sessão de esclarecimento numa aldeia. As crianças não devem trazer roupas da mina para casa, não devem mexer em químicos e devem evitar minas de alto risco. Mais difícil é proibir as crianças de trabalhar.
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Chemikalien
 

Minas em vez da escola

"A minha família precisa do dinheiro", conta Habi. Ela não sabe quantos anos tem, sabe apenas que trabalha há 24 meses na mina. Ainda assim, ao contrário de muitos dos seus amigos, Habi vai de vez em quando à escola.
 
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Arbeitsalltag statt Schule
 

Acesso difícil

Muitas minas de ouro ficam no estado do Níger, no centro-oeste da Nigéria. Durante a época das chuvas, a região fica separada do resto do país. A única estrada para o Níger transforma-se num rio. Os carros não conseguem circular, as motorizadas têm de ser transportadas à mão. O caos ilustra bem a forma como esta região foi esquecida pelo Estado.
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Motorradträger statt Brücken
 

"Trabalho infantil?"

Depois da morte das 28 crianças, foi criada uma força especializada em envenenamentos por chumbo. Mas em Kagara, a sede do Governo local, nega-se que haja trabalho infantil. "O que significa isso, trabalho infantil?", pergunta o líder da força, Alhaji Abdullahi Usman Katako. Ele diz que, durante a época das chuvas, é impossível tomar medidas de maior envergadura devido às más condições da estrada.
 
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Leugnung
 

Cuidados médicos quase inexistentes

Cerca de 80% das crianças da região têm altas concentrações de chumbo no sangue. Mas faltam médicos para as tratar. Próximo da mina, só há um posto médico. Mas o médico nunca estudou Medicina, tirou apenas um curso rápido na capital provincial. Dezenas de crianças tiveram de ser levadas para tratamento em localidades maiores.
 
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Provisorische Praxis
 

143 alunos, um professor

Na escola de Shikira, há um professor para 143 alunos – e ele ensina todas as disciplinas. "Muitas vezes, os alunos baldam-se às aulas e vão para o garimpo", conta Abdullahi Garba. Muitos pais não conseguiram pagar o uniforme da escola e mandaram os filhos para o trabalho nas minas. "Preciso de mais apoios para conseguir fazer alguma coisa contra isso."
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Verzweifelter Schulleiter
 

Mais minas do que atos

O jornalista nigeriano Arukaino Umukoro diz que, desde a notícia das mortes por envenenamento com chumbo, pouco ou nada mudou. Pelo contrário: Há mais minas do que antes. "Os habitantes da aldeia não conhecem outra coisa que não o garimpo. O Estado tem de arranjar alternativas para estas pessoas e investir na educação", diz Umukoro.
 
Tödliche Kinderarbeit in Nigeria Mehr Minen statt Reaktionen
 
Fonte: DW