Mal foi agraciado na quinta-feira pelo presidente do Senegal, Karim Wade, filho do antigo presidente senegalês Abdoulaye Wade que dirigiu o país entre 2000 e 2012, viajou ontem para o Qatar cujo emir ele agradeceu pela sua intervenção a favor da sua libertação.
Karim Wade, 47 anos, que foi conselheiro do seu pai e chegou a ocupar em simultâneo vários postos ministeriais, infra-estruturas, transporte aéreo, cooperação internacional e planeamento, o que lhe valia a alcunha de "ministro do céu e da terra", tinha sido preso a título preventivo em 2013 e em seguida condenado em 2015 a 6 anos de prisão e uma multa de 210 milhões de Euros por enriquecimento ilícito. Karim Wade foi nomeadamente acusado de ter adquirido ilegalmente um património de 178 milhões de euros, através de sociedades no seu país, no estrangeiro, contas bancárias, propriedades imobiliárias ou ainda veículos durante o período em que assumia responsabilidades junto do então presidente, seu pai.
O agraciamento de Karim Wade que era esperado desde que o seu pai tinha evocado abertamente esta possibilidade no início deste mês, foi explicado pelo ministro senegalês da justiça, Sidiki Kaba, por "motivos humanitários", esta decisão segundo este responsável governamental "não apagando a condenação que continua a figura no cadastro" do filho do antigo presidente senegalês e dos seus co-réus.
Estes argumentos não parecem contudo convencer uma parte da população senegalesa, organizações da sociedade civil e até membros do campo presidencial que preconizavam a continuidade da detenção de Karim Wade. Numerosos senegaleses mostraram-se até chocados com esta medida que interpretam como uma demonstração de desprezo do presidente Macky Sall que, durante a campanha que o conduziu à presidência do país, tinha colocado a luta contra a corrupção na dianteira das suas preocupações.
Designado em 2015 pouco antes da sua condenação como candidato do PDS, partido do seu pai, para as presidenciais de 2019, Karim Wade apelou os senegaleses a apoiar o seu partido "para assegurar as vitórias vindouras, nomeadamente nas legislativas" previstas para 2017. A sua libertação abre o caminho à eventual concretização da sua entrada na corrida presidencial.
Fonte: RFI