domingo, 23 de fevereiro de 2014

ANGOLA: AUMENTA CONSUMO EXCESSIVO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS


Para alguns cidadãos, entrevistados pela Voz da América em Luanda, consumir bebidas alcoólicas todos os dias e em grandes quantidades passou a ser normal.
Cresce o nível de consumo de bebidas alcoólicas em Angola, e muitos analistas entendem que  a questão deve ser considerada como um problema nacional  de saúde pública encorajado pela grande quantidade da oferta e pelo baixo preço dos produtos. As consequências para sociedade angolana são inúmeras podendo a condicionar o desenvolvimento do país.

Para alguns cidadãos entrevistados pela Voz da América em Luanda consumir bebidas alcoólicas todos os dias e em grandes quantidades passou a ser normal, seja em ambientes festivos, momentos de lazer\recreação ou mesmo no seu local de trabalho. Nem mesmo o perigo de contrair uma doença grave em consequência do exagero na ingestão de álcool constitui um obstáculo.

Osvaldo Politano formado em Educação Moral pelo Instituto Superior João Paulo  II entende que o problema das bebidas alcoólicas em Angola não pode ser minimizado, a julgar pelo alarmar da situação que resulta em desestruturação de muitas famílias e a degradação dos valores morais que norteia a socieade. O também Bacharel em Filosofia e Pedagogia pensa que se trata de um problema conjuntural cujas causas são sociais.

Para Etelvino Dias dos Santos, Bacharel em Psicologia Clínica, as bebidas alcoólicas enquanto drogas, pesembora sejam consideradas lícitas, devem ser tratadas como tal. Para esclarecer a problemática do aumento do consumo, o analista socorre-se da teoria da “tolerância” . Para ele a dose aumenta na medida em que por um periodo de tempo esta deixa de provocar o efeito desejado e na busca do prazer muitos consumidores tendem para duas vertentes: aumentar a quantidade ou associar várias outras drogas.

As drogas principalmente ingeridas por mulheres causam enormes consequências diversas e graves, que vão desde destruição do fígado à má formação congénita, no caso de se tratar de uma mulher grávida, disse o psicólogo.  Podemos nos apegar ao conceito de tolerância. Quando uma certa droga é aceitável por determinado organismo, estamos em presença de uma tolerância  ou seja quando os jovens ingerem duas btrês quatro o organismo deixa de sentir o efeito a tendência é de aumentar a dose na tentativa de buscar o prazer desejado, salientou.

O aumento da sinistralidade rodoviária fruto do consumo exagerado de álcool é outra preocupação dos analistas. Segundo dados da Direcção Nacional de Viação e Trânsito cerca de 50 porcento dos acidentes na via pública são resultante do excesso de velocidade devido a condução sob o efeito do álcool. Um dado que preocupa muitos actores da sociedade angolana, pois a sinistralidade rodoviária é a segunda maior causa de mortes em Angola, a seguir a malária. Em média 10 a 12 pessoas morrem nas estradas de Angola todos os dias.

O Jurista M´bote André salienta que do ponto de vista legal o ilícito cível ou criminal cometido sob influência de bebidas alcoólicas  não constitui razão para se retirar a responsabilidade criminal a quem terá eventualmente cometido um púnível pela lei. O indivíduo responde na mesma por este facto. As normas rodoviárias tipificam como contravenção a condução sob forte influencia do álcool, disse o Jurista.

A idade legal para consumo de bebidas feitas a base de álcool é uma questão muito discutida, e varia de país para país dependendo do local onde o consumo é efectuado ou se a pessoa está acompanhada por um adulto, entre outras condições.
Em Angola é proibida apenas a venda à menores, mas nada está regulamentado sobre a idade para o consumo de bebidas alcoólicas diferente de países como Namíbia, Africa do Sul e Zimbabwe onde só a partir dos 18 anos o indivíduo está autorizado a consumir determinadas espécies de bebidas alcoólicas.
O Jurista M´bote André entende ser urgente a criação de normas jurídicas que ponham cobro a esta situação, mas explica que a solução do problema não passa apenas pela legislação que regula a venda e o consumo de álcool. O imde toda sociedade para por cobro a situação, na medida em que este fenómeno resulta da ausência de ocupações dos tempos livres de muitos cidadãos. M´bote defende a criação de mais espaços de lazer, recreação, actividades culturais e desportivas.
Alguns jovens consumidores de bebidas alcoólicas sabem das consequências, mas nem por isso conseguem largar o vício e pegar um novo rumo para vida. Porém à nossa reportagem prometeram colocar um “basta” no consumo de álcool.

Costumam  me dizer que bebida dá cabo do fígado e da pele da pessoa fica toda danificada, disse um dos entrevistados. Mas o conselho que eu deixo para os outros é que param de beber, frisou um outro nosso interlocutor.
De acordo com uma entrevista recente da Ministra da Indústria a entrada de elevadas quantidades de bebidas importadas no país estaria com os dias contados. A previsão segundo Bernarda Gonçalves Martins Henriques da Silva é que 2017 seja o prazo limite.

Por sua vez a Revista Exame, na sua edição 26, revelou que nos últimos cinco anos, investiu-se cerca 700 milhões de dólares em quatro novas fábricas de cerveja e em breve, haverá mais quatro em Luanda. Bebe-se,segundo estimativas,  9 milhões de hectolitros de cerveja por ano, sendo 7500 fabricados no nosso país e 1500 provenientes do exterior .

A actual geração consome mais cerveja em relação aos outros tipos de bebidas alcoólicas e têm como preferência a proveniente da CUCA, Companhia União de Cervejas de Angola, a detentora das marcas nacionais Nocal, Eka, 33 Ex port e Tchizo, e internacionais Castel e Doppel Munich (preta) .
O director nacional do comércio externo do Ministério do Comércio, Adriano Martins revelou recentmente que o país gasta muito dinheiro na importação de bebidas.

Fazendo recurso as estatísticas de Setembro de 2013, Adrino Martins assegurou que o país gastou perto de quatrocentos milhões de dólares na impoprtação de bebidas.
Para o Jurista M´bote André o consumo excessivo de bebidas está ligado a sua oferta e ao preço praticado na venda. Para ele o negócio é rentável, mas prejudicial para muitos usuários que vêm a sua esperança de vida reduzida. Mbote olha para a questão como um problema de saúde pública que requer a intervenção não apenas do Executivo´, mas dos vários actores sociais: escolas, igrejas e organizações não governamentais.

A igreja tem um papel preponderante na evangelização. Sensibilização na medida em que o próprio evangelho introduz hábitos sádios neste sentido, explicou.

O especialista em Moral e Cívica  comunga da ideia segudo a qual o trabalho de sensibilização é tão multisectorial quanto é conjuntural o problema, por isso chama atenção para o agravamento das consequências resultante da ausência de normas que regulam a comercialização das bebidas. Voz da América
Angola: Excesso de bebidas alcoólicas é problema de saúde pública