Quero recordar-vos, um pouco, um episódio revelador dos malabarismos iniciais de Cadogo Jr para pôr em prática roubos atrevidos e escandalosos do erário público. Tudo começou nos finais dos anos oitenta/início dos anos noventa na DICOL, empresa pública guineense de combustível, onde ele era diretor. Havia um desperdício enorme de gasóleo acumulado desde o período colonial que não tinha sido reciclado. A reciclagem fazia-se em Portugal. Foi nesse período, também que chegou um técnico na área dos petróleos formado na Roménia de nome Duarte Tchuda, integrando a empresa. O técnico tinha conhecimentos e sabia como resolver o problema. Contam que usou inclusive a areia de praia de Bubaque para reciclar todo o desperdício de gasóleo acumulado. O produto foi colocado no mercado e não houve nenhuma queixa por parte dos consumidores. O dinheiro da venda engordava os bolsos de Cadogo Jr. Tchuda tinha o gabinete no escritório ao lado do diretor e residia numa casa paga pela empresa. Tudo corria normalmente até ao dia em que o técnico deu a entrevista a um jornal económico a revelar a sua façanha técnica. Quando a notícia chegou aos ouvidos de Cadogo Jr, o diretor mandou despeja-lo e expulsou-o do gabinete, colocando a sua secretária na varanda do edifício. O técnico desesperado vagueava sem funções pelas instalações da empresa durante meses e meses, para depois ser exonerado do cargo que desempenhava e colocado na secção de enchimento, como simples apontador.
Pergunto: quem faz isto a um trabalhador não é malvado?
Ex-trabalhador da DICOL