quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ONU E BRASIL PREPARAM FORMAÇÃO DE 1500 POLÍCIAS E MILITARES GUINEENSES


Bissau, 26 fev (Lusa) - Um total de 1500 polícias e militares guineenses vão receber formação da Organização das Nações Unidas e do Brasil para melhorar a segurança no país antes e durante as eleições gerais marcadas para 13 de abril, anunciou a ONU.

A informação foi prestada hoje pelo representante das Nações Unidas no país, José Ramos-Horta, ao Conselho de Segurança da organização.

"Um plano nacional para a segurança eleitoral está a ser implementado, numa operação suportada pelo UNIOGBIS (Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau) e ECOMIB (contingente militar da CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), com a criação de estruturas de comando unificadas a ser dirigidas pela polícia", referiu.

"Está previsto que os militares assumam um papel de reserva", acrescentou na comunicação ao Conselho de Segurança.

Neste contexto, 60 oficiais superiores da polícia e forças militares concluíram com sucesso a 14 de fevereiro um treino no Instituto de Defesa Nacional suportado pelo UNIOGBIS.

Para além destes, "espera-se que cerca de 1500 polícias e militares nacionais sejam treinados nas próximas semanas, no âmbito de uma parceria entre o UNIOGBIS e o Brasil".

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se hoje em Nova Iorque e analisou mais um relatório trimestral sobre a situação na Guiné-Bissau - reunião em que Ramos-Horta participou através de videoconferência, a partir dos escritórios em Bissau.

Na comunicação que proferiu, distribuída aos jornalistas ao final da tarde, o representante da ONU em Bissau refere também que a eleição de Domingos Simões Pereira como presidente do PAIGC, partido mais votado no país, permite ter esperança em que "uma nova geração de líderes surja e impulsione as mudanças necessárias no país".

Ramos-Horta justifica as expetativas com base nas "qualidades interpessoais e no estilo de não-confrontação, lado-a-lado com um passado político imaculado" do líder do PAIGC.

Apesar de reconhecer que ainda há questões internas por resolver nos partidos, Ramos-Horta concluiu que todas as condições técnicas estão reunidas para que as eleições decorram a 13 de abril, "sem mais desculpas".

"Até agora não tenho razões para afirmar que as forças de defesa e as instituições de segurança venham a interferir no processo", acrescentou.

Com os olhos postos no período pós-eleitoral, Ramos-Horta pede desde já a mobilização da comunidade internacional para financiar o próximo governo nas reformas urgentes.

Entre elas destaca a reforma nos setores da defesa e segurança, considerando que "as estratégias de desmobilização e reintegração" devem ser suportadas imediatamente após as eleições. Lusa