Bissau,
26 fev (Lusa) - Um total de 1500 polícias e militares guineenses vão receber
formação da Organização das Nações Unidas e do Brasil para melhorar a segurança
no país antes e durante as eleições gerais marcadas para 13 de abril, anunciou
a ONU.
A
informação foi prestada hoje pelo representante das Nações Unidas no país, José
Ramos-Horta, ao Conselho de Segurança da organização.
"Um
plano nacional para a segurança eleitoral está a ser implementado, numa
operação suportada pelo UNIOGBIS (Gabinete Integrado das Nações Unidas para a
Consolidação da Paz na Guiné-Bissau) e ECOMIB (contingente militar da CEDEAO -
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), com a criação de
estruturas de comando unificadas a ser dirigidas pela polícia", referiu.
"Está
previsto que os militares assumam um papel de reserva", acrescentou na
comunicação ao Conselho de Segurança.
Neste
contexto, 60 oficiais superiores da polícia e forças militares concluíram com
sucesso a 14 de fevereiro um treino no Instituto de Defesa Nacional suportado
pelo UNIOGBIS.
Para
além destes, "espera-se que cerca de 1500 polícias e militares nacionais
sejam treinados nas próximas semanas, no âmbito de uma parceria entre o
UNIOGBIS e o Brasil".
O
Conselho de Segurança da ONU reuniu-se hoje em Nova Iorque e analisou mais um
relatório trimestral sobre a situação na Guiné-Bissau - reunião em que
Ramos-Horta participou através de videoconferência, a partir dos escritórios em
Bissau.
Na
comunicação que proferiu, distribuída aos jornalistas ao final da tarde, o
representante da ONU em Bissau refere também que a eleição de Domingos Simões
Pereira como presidente do PAIGC, partido mais votado no país, permite ter
esperança em que "uma nova geração de líderes surja e impulsione as
mudanças necessárias no país".
Ramos-Horta
justifica as expetativas com base nas "qualidades interpessoais e no
estilo de não-confrontação, lado-a-lado com um passado político imaculado"
do líder do PAIGC.
Apesar
de reconhecer que ainda há questões internas por resolver nos partidos,
Ramos-Horta concluiu que todas as condições técnicas estão reunidas para que as
eleições decorram a 13 de abril, "sem mais desculpas".
"Até
agora não tenho razões para afirmar que as forças de defesa e as instituições
de segurança venham a interferir no processo", acrescentou.
Com
os olhos postos no período pós-eleitoral, Ramos-Horta pede desde já a
mobilização da comunidade internacional para financiar o próximo governo nas
reformas urgentes.
Entre
elas destaca a reforma nos setores da defesa e segurança, considerando que
"as estratégias de desmobilização e reintegração" devem ser
suportadas imediatamente após as eleições. Lusa