sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

GUINÉ-BISSAU ASSINA ACORDO DE EXPLORAÇÃO DE AREIAS PESADAS COM EMPRESA RUSSA


 
Bissau, 21 fev (Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau assinou hoje, numa cerimónia pública, um acordo com uma empresa russa para exploração de areias pesadas no norte do país, em Varela, junto à fronteira com o Senegal.

Segundo o primeiro-ministro transitório, Rui de Barros, inicia-se assim "a fase de criação da indústria mineira guineense".

Das areias pesadas podem ser extraídos recursos minerais utilizados em indústrias de alta tecnologia.

O contrato foi rubricado pelo ministro guineense dos Recursos Naturais, Certório Biote, e um representante da empresa russa Poto, uma sociedade anónima que anunciou o início dos trabalhos de exploração das jazidas estimadas em cerca de 80 mil toneladas.

Paralelamente à exploração das areias pesadas, a região, no extremo norte da Guiné-Bissau, vai beneficiar "de muitos projetos", tais como a reparação da estrada que liga São Domingos e Varela, passando por Suzana, disse o ministro dos Recursos Naturais.

Serão também construídas escolas e hospitais, além de postos de emprego para a população da zona, acrescentou Certório Biote, que não quis precisar o valor a pagar pela empresa russa ao Estado guineense, nem os moldes da divisão dos ganhos da exploração que devem durar cinco anos.

Instado a comentar o facto de uma companhia chinesa, a West Africa Union, ter estado nos trabalhos de prospeção das areias de Varela antes da empresa russa, o ministro afirmou que o contrato com a referida empresa foi cancelado "por orientações do Ministério Público".

"O Governo nada mais fez que não seja cumprir com a determinação da justiça", observou Certório Biote.

O diretor-geral de Geologia e Minas da Guiné-Bissau, Seco Bua Baio, disse à Lusa que as areias pesadas de Varela "são um produto altamente cotado" no mercado internacional, nomeadamente nos países do golfo pérsico, do sudoeste asiático, na Rússia e nos Estados Unidos.

Os seus derivados, como o Zircónio, podem ser utilizados nas indústrias nuclear, química e eletrónica, bem como na construção civil.

A empresa Poto Sarl, que está em conversações com o Governo da Guiné-Bissau há mais de três anos, pretende também avançar para a exploração de fosfatos existentes na região de Farim, no nordeste do país. Lusa