Bissau, 21 fev (Lusa) - O Governo de
transição da Guiné-Bissau assinou hoje, numa cerimónia pública, um acordo com
uma empresa russa para exploração de areias pesadas no norte do país, em
Varela, junto à fronteira com o Senegal.
Segundo o primeiro-ministro transitório,
Rui de Barros, inicia-se assim "a fase de criação da indústria mineira
guineense".
Das areias pesadas podem ser extraídos
recursos minerais utilizados em indústrias de alta tecnologia.
O contrato foi rubricado pelo ministro
guineense dos Recursos Naturais, Certório Biote, e um representante da empresa
russa Poto, uma sociedade anónima que anunciou o início dos trabalhos de
exploração das jazidas estimadas em cerca de 80 mil toneladas.
Paralelamente à exploração das areias
pesadas, a região, no extremo norte da Guiné-Bissau, vai beneficiar "de
muitos projetos", tais como a reparação da estrada que liga São Domingos e
Varela, passando por Suzana, disse o ministro dos Recursos Naturais.
Serão também construídas escolas e
hospitais, além de postos de emprego para a população da zona, acrescentou
Certório Biote, que não quis precisar o valor a pagar pela empresa russa ao
Estado guineense, nem os moldes da divisão dos ganhos da exploração que devem
durar cinco anos.
Instado a comentar o facto de uma
companhia chinesa, a West Africa Union, ter estado nos trabalhos de prospeção
das areias de Varela antes da empresa russa, o ministro afirmou que o contrato
com a referida empresa foi cancelado "por orientações do Ministério
Público".
"O Governo nada mais fez que não
seja cumprir com a determinação da justiça", observou Certório Biote.
O diretor-geral de Geologia e Minas da
Guiné-Bissau, Seco Bua Baio, disse à Lusa que as areias pesadas de Varela
"são um produto altamente cotado" no mercado internacional,
nomeadamente nos países do golfo pérsico, do sudoeste asiático, na Rússia e nos
Estados Unidos.
Os seus derivados, como o Zircónio,
podem ser utilizados nas indústrias nuclear, química e eletrónica, bem como na
construção civil.
A empresa Poto Sarl, que está em
conversações com o Governo da Guiné-Bissau há mais de três anos, pretende
também avançar para a exploração de fosfatos existentes na região de Farim, no
nordeste do país. Lusa