quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA A NECESSIDADE DE FISCALIZAR EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS NA GUINÉ-BISSAU


Bissau, 26 fev (Lusa) - Especialistas na área do ambiente alertaram hoje para a necessidade de fiscalizar a criação de empreendimentos turísticos na Guiné-Bissau.

Apesar de haver leis e requisitos, ainda há empreendimentos que surgem de forma "ilegal" nos parques naturais do país, sobretudo no arquipélago dos Bijagós, lamentou Alfredo da Silva, diretor-geral do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP).

Aquele responsável disse, na abertura de um encontro de três dias sobre ecoturismo, promovido pelo IBAP em Bissau, que apoia os investimentos, mas com regras.

Há empreendimentos que surgem "através de negociação direta com as populações, por vezes sem parecer, sem estudo de impacto ambiental: constroem diretamente sem que a direção do parque esteja informada", lamentou.

Nelson Dias, representante em Bissau da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN), classificou mesmo algumas negociações como uma "roubalheira", considerando que as populações nativas são iludidas com ofertas de pouco valor.

"O que se passa na Guiné-Bissau é uma autêntica roubalheira. Existem leis e regulamentos, mas sem aplicação, nem responsabilização", sublinhou, apelando a que todos as passem a aplicar, desde o Governo às comunidades locais.

O IBAP é chamado "muitas vezes" para intervir na resolução de problemas nas lhas entre empreendedores e a população rural, descreveu Alfredo da Silva.

"Quando se negoceia a construção de um hotel, fazem-se promessas", que passam, por exemplo, pela oferta de zinco para os telhados das habitações, canoas, escolas ou formação.

Mas quando os empreendimentos não ganham o suficiente, "não dá para cumprir" e geram-se as desavenças.

"O nosso objetivo é proporcionar investimento, mas de forma planificada, que respeite o meio e a população", sublinhou, ao explicar à Lusa a razão de ser do encontro que junta ambientalistas, técnicos de turismo, investidores privados, autoridades e parceiros internacionais nas instalações do IBAP até sexta-feira.

No final, "tudo depende da vontade política do Governo para cumprir as leis", concluiu.

O IBAP estima que existam no país entre 20 a 25 pequenos empreendimentos turísticos que estão na periferia das áreas protegidas ou que as usam direta ou indiretamente. Lusa