Bissau, 26 fev (Lusa) - Especialistas na
área do ambiente alertaram hoje para a necessidade de fiscalizar a criação de
empreendimentos turísticos na Guiné-Bissau.
Apesar de haver leis e requisitos, ainda
há empreendimentos que surgem de forma "ilegal" nos parques naturais
do país, sobretudo no arquipélago dos Bijagós, lamentou Alfredo da Silva,
diretor-geral do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP).
Aquele responsável disse, na abertura de
um encontro de três dias sobre ecoturismo, promovido pelo IBAP em Bissau, que
apoia os investimentos, mas com regras.
Há empreendimentos que surgem
"através de negociação direta com as populações, por vezes sem parecer,
sem estudo de impacto ambiental: constroem diretamente sem que a direção do parque
esteja informada", lamentou.
Nelson Dias, representante em Bissau da
União Internacional de Conservação da Natureza (UICN), classificou mesmo
algumas negociações como uma "roubalheira", considerando que as
populações nativas são iludidas com ofertas de pouco valor.
"O que se passa na Guiné-Bissau é
uma autêntica roubalheira. Existem leis e regulamentos, mas sem aplicação, nem
responsabilização", sublinhou, apelando a que todos as passem a aplicar,
desde o Governo às comunidades locais.
O IBAP é chamado "muitas
vezes" para intervir na resolução de problemas nas lhas entre
empreendedores e a população rural, descreveu Alfredo da Silva.
"Quando se negoceia a construção de
um hotel, fazem-se promessas", que passam, por exemplo, pela oferta de
zinco para os telhados das habitações, canoas, escolas ou formação.
Mas quando os empreendimentos não ganham
o suficiente, "não dá para cumprir" e geram-se as desavenças.
"O nosso objetivo é proporcionar
investimento, mas de forma planificada, que respeite o meio e a
população", sublinhou, ao explicar à Lusa a razão de ser do encontro que
junta ambientalistas, técnicos de turismo, investidores privados, autoridades e
parceiros internacionais nas instalações do IBAP até sexta-feira.
No final, "tudo depende da vontade
política do Governo para cumprir as leis", concluiu.
O IBAP estima que existam no país entre
20 a 25 pequenos empreendimentos turísticos que estão na periferia das áreas
protegidas ou que as usam direta ou indiretamente. Lusa