Luanda, - O docente universitário Benedito Sipandeni sublinhou
nesta terça-feira, em Luanda, que o novo líder do PAIGC foi eleito
legitimamente, em cumprimento dos estatutos deste partido guineense, já que o
até então presidente, Carlos Gomes Júnior, encontra-se exilado em Portugal, na
sequência do golpe de Estado que o afastou do poder, 12 de Abril de 2012.
Sipandeni foi entrevistado nesta terça-feira pela Angop para se
debruçar sobre a eleição, a 10 de Fevereriro de 2014, de Domingos Simões
Pereira, para a presidência do Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC) e o surgimento de vários militantes a solicitar o apoio da
formação política para concorrerem nas presidenciais , previstas para 13 de
Abril de 2014.
O analista sublinhou que a realização do VIII Congresso do PAIGC
obedeceu aos estatutos internos deste partido histórico da Guiné-Bissau, já que
o até então presidente, Carlos Gomes Júnior, encontra-se exilado em Portugal,
na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, e o processo eleitoral
foi considerado democrático e teve a legitimidade dos mais de 1200 delegados de
todo o país que elegeram Domingos Simões Pereira à liderança do partido, entre
três candidatos.
Por isso, o docente angolano acha que não deveria haver
divergências sobre quem deveria ser candidato para a liderança do país, porque
no conclave do PAIGC, Domingos Simões Pereira, foi eleito por 707 delegados,
correspondendo a mais de 60 porcento dos votos.
"Sendo assim, Raimundo Pereira, de 50 anos de idade, será o
candidato do PAIGC para o cargo de Primeiro-Ministro do próximo governo",
enfatizou.
Embora a eleição na liderança do partido tenha decorrido bem, o
presidente do Conselho Nacional de Jurisdição do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Luis Melo, disse segunda-feira que
no histórico partido guineense e com maior número de deputados no parlamento,
registou, além do pedido de Carlos Gomes Júnior, o de nove outros companheiros.
Disse que em relação ao candidato do PAIGC à presidência da
República, Domingos Simões Pereira, disse que o PAIGC não vai apoiar a
candidatura de Carlos Gomes Júnior para o cargo de chefe de Estado, esta
decisão, segundo o professor angolano, demonstra a existência de algumas
clivagens internas no seio do partido, que já foram reconhecidas pelo novo
líder, no seu discurso de vitoria no VIII Congresso.
Domingos Simões, além do exilado Carlos Gomes Júnior , refriu-se
também no seu discurso, do também ex-Presidente, Raimundo Pereira que
também deixou o poder na sequencia do golpe de Estado de 2012.
Para já, caso venha a concorrer, Carlos Gomes Júnior resta-lhe
apenas concorrer como candidato independente, apesar do PAIGC ainda não ter
indicado o seu candidato ao cargo de Presidente da Guiné Bissau.
Esta divergência foi também confirmada por um alto quadro do
partido, Luís Melo, que frisou que além do pedido de Carlos Gomes, há mais nove
outros pretendentes, cuja solicitação, vai ser analisado pela plenária do
Conselho Nacional de Jurisdição e o veredicto será comunicado à direcção
superior do partido (uma espécie de tribunal do partido), composta por sete
membros efectivos e dois suplentes.
Para o analista, as eleições em qualquer Estado democrático e de
Direito servem para legitimar o poder político e as instituições do Estado, no
caso concreto da Guiné-Bissau a votação foi adiada muitas vezes, devido a
várias questões entre os quais a instabilidade político-militar.
Acrescentando que Guiné-Bissau precisa de um governo e
instituições fortes, para atrair os investidores estrangeiros que deverão
ajudar no seu desenvolvimento, o que não daria um bom sinal, se no maior
partido do país, ainda não há unanimidade a quem vai apresentar para a
liderança do país.
Sublinhou que a instabilidade das eleições anteriores e o golpe de
Estado de 2012 obrigou a intervenção militar da CEDEAO (Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental), e até hoje há a falta de
financiamento para a realização do escrutínio.
A Guiné Bissau tem registado uma onda de golpes de Estado e
assassinatos de líderes políticos desde a sua independência de Portugal em
1974, o que não ajuda para a boa imagem do país.
No entanto, o Presidente Interino, Serifo Nhamadjo, ao estabelecer
o dia 13 de Abril deste ano como data definitiva para a realização das eleições
legislativas e presidenciais, considera que todas as condições estão reunidas
para que se realizem eleições exemplares.
Segundo fontes do PAIGC já manifestaram interesse de
concorrer as presidenciais de 13 de Abril, 10 pré-candidatos, entre os quais,
Mário Lopes da Rosa, actual ministro das Pescas no Governo de transição, Luís
Oliveira Sanca, governante desde os anos 1970 (foi ministro de várias pastas, a
última das quais da Administração Territorial, até ao golpe de Estado de abril
de 2012) e Francisco Benante, antigo presidente do Parlamento e antigo líder do
PAIGC.
Estão também no mesmo grupo, Aristides Gomes, antigo
primeiro-ministro do PAIGC e Mário Cabral, embaixador da Guiné-Bissau no
Senegal e ministro em vários governos desde os anos 1970. Angop
Já começou a campanha eleitoral?