Após a queda do Presidente Blaise Compaoré, que fugiu para a Costa do Marfim, o Exército designou neste sábado o tenente-coronel Isaac Zida para dirigir a transição do país.
«O tenente-coronel Isaac Zida foi eleito por unanimidade para reconduzir o período de transição aberto no país após a saída do presidente Compaoré», afirma um comunicado divulgado após uma reunião de comandantes do Estado-Maior.
«A forma e a duração do período de transição serão determinados posteriormente, num acordo com as autoridades que governam a vida nacional», completa a nota.
O documento estava assinado pelo rival de Zida, o general Naberé Honoré Traoré, que reconheceu assim a sua derrota, depois de ter anunciado na sexta-feira que assumiria as responsabilidades de chefe de Estado.
O novo governante saiu da reunião cercado por 15 comandantes militares, enquanto Traoré, que também estava no encontro, abandonou rapidamente o local.
Depois do anúncio, o novo chefe de Estado retornou para Camp Guillaume, a sua base no centro da capital, que fica a apenas 300 metros da sede do Estado-Maior.
Em teoria, o tenente-coronel deve encontrar-se nas próximas horas com representantes dos partidos políticos e da sociedade civil. A Constituição prevê que o presidente da Assembleia Nacional assegure a interinidade em caso de «vazio de poder», mas Zida suspendeu a Carta Magna na sexta-feira, horas depois da renúncia de Compaoré.
O anúncio de Traoré na sexta-feira provocou revolta nas ruas da capital e inclusive dentro do Exército, porque o general é considerado muito próximo de Compaoré. Neste contexto, Zida, até então o número dois da guarda presidencial, é bem visto por uma parte da sociedade civil.
Na quinta-feira, o exército assumiu o controlo do país, depois de uma insurreição popular contra a vontade do presidente de permanecer no poder, que assumira após um golpe de Estado em 1987.
A situação era relativamente tranquila na manhã deste sábado na capital, Ouagadougou, e em Bobo Dioulasso, a segunda maior cidade do país, cenário de confrontos violentos nos últimos dias. No centro da capital, o tráfego era normal e as lojas estavam abertas. Mas o mercado central e os bancos estavam fechados neste sábado, dia útil no país.
Após uma convocatória do Movimento Cidadão, uma organização que liderou a mobilização contra Compaoré, várias pessoas limpavam as ruas da capital, onde ainda era possível observar os efeitos da batalha campal dos últimos dias. Fonte: Aqui