Ninguém me encomendou o sermão,
mas não resisto de dar a minha opinião a propósito do quinquagéssimo
aniversário das nossas gloriosas forças armadas, fundadas a 16 de Novembro de
1964 em Cassacá. Reti uma anotação no discurso do General Biague Nan Tan que
diz: "Somos uma instituição heróica do passado glorioso, mas hoje
transformámo-nos nuns inúteis ao ponto de a população fugir de nós. Temos que
acabar com essa situação".
Para mim, as nossas forças
armadas continuam a ser uma instituição heróica com o passado glorioso. De
fato, o que não se pode tolerar é ter um passado glorioso e não ser capaz de
erguer um único“castelo”na paz alcançada. Ganhar a guerra e não ganhar o
desenvolvimento é sinónimo de derrota! Isso não podemos aceitar! As nossas
gloriosas forças armadas não podem aceitar o “barrete” da expiação da culpa ou
do pecado perante o “Santo Ofício”. Porque, de um modo geral, nenhum governo
(ou político), desde a independência, geriu o país com elevação necessária. Do
consulado de Luís Cabral ao de Carlos Gomes Júnior, passando pelos longos anos
do despotismo ninista, quem governou melhor?
Ninguém! Era tudo “all the same thing”, ou seja, “gira o disco e toca o
mesmo”.
Agora a campanha de diabolização
das nossas forças armadas para além de visar o seu desmantelamento, tem sido
fomentada por políticos trapaceiros e corruptos da nossa praça. Ainda me
recordo que - com o advento do multipartidarismo - tornou-se mais nítido o fato das forças
armadas não passasse de “ovelha ronhosa”do sistema político de então. A
prioridade dos agentes políticos era orientada, exclusivamente, para o enriquecimento
pessoal, fácil e rápido. Quem se esqueceu do célebre caso 17 de Outubro e
outras atrocidades do regime político da época? Entretanto, até ao assassinato
de Nino Vieira e Tagme Na Waie, a hostilização das forças armadas nao tinha
ainda atingido o seu auge. Assim no ponto que o General Nam Tan, referia. As
nossas gloriosas forças armadas viraram bode expiatório de políticos
trapaceiros e falhados - e alvo de ataques hostis vindo de país, inclusive,
ditos amigo - a partir do levantamento de 1 de Abril de 2011, que destituiu
Zamora Induta, capanga de Carlos Gomes Júnior. Portanto, são deveras conhecidas
as franjas da sociedade interessadas no seu “desmantelamento”adornado com a
designação satírica de “reforma” das forças da defesa e segurança. São os de sempre,
os tugas e os seus lacaios que chamavam a nossa guerrilha de “terrorristas”.