Bocas do Inferno
Mário Motta, Lisboa
Ainda fresquinha a notícia sobre convocatória do governo para todos os partidos com assento parlamentar com o intuito de discutirem o combate ao terrorismo. Pasmemos. O governo quer discutir como combater o terrorismo que tem exercido sobre os portugueses?
Se há quem discorde desta perspetiva de considerar este governo um verdadeiro terrorista aconselho a rebuscar no dicionário o que significa terrorismo. Para facilitar recorro à Wikipédia, tão em moda. Ali , no primeiro parágrafo, podemos ler: “Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica,1 através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do território. É utilizado por uma grande gama de instituições como forma de alcançar seus objetivos, como organizações políticas de esquerda e direita, grupos separatistas e até por governos no poder.2”
Impressionante, como Passos Coelho e seus rapazolas assessores, conselheiros e poltrões pêessedês que se alapam ao tacho pago por todos os portugueses, ignoram que terrorismo também é aquilo que os portugueses sentem ser prática deste governo, com a cumplicidade de Cavaco Silva.
O governo de Passos-Portas-Cavaco encaixa exatamente no medo, no terror, nos “efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do território.” O medo da fome, da perda da casa e de outros bens imprescindíveis à dignidade dos portugueses espoliados, empobrecidos, miserabilizados. Decerto mais de dois milhões de portugueses sobrevivem num terror constante por não terem emprego condigno nem a que recorrerem para se alimentarem, alimentarem os filhos, a família, e pagarem as contas que vão sempre surgindo. Quase sempre com eletricidade, gás, água, etc., sempre mais caras de ano para ano. Não têm como se deslocar porque não têm como comprar as viagens nos simples transportes urbanos que lhes darão acesso a procurarem empregos. Quando podem e é relativamente praticável fazem longos percursos a pé. Ou vão clandestinamente nos transportes públicos, sujeitos a multas quase milionárias (para eles).
No rol caberia muito mais. A miséria causada pelas políticas deste governo terrorista, com a cumplicidade do PR Cavaco, só pode ser classificada como ação de terror. São exatamente estes terroristas que convocam partidos parlamentares para “discutir combate ao terrorismo”. Certamente o de explosivos, de degolamentos, de metralha.
E sobre o terrorismo deles, que nos vitima, quando o discutem, quando o combatem e o aniquilam? Quem, em Portugal, com estas circunstâncias terríveis, como as atuais, não se considera aterrorizado? (MM / PG)