A Liga Guineense dos Direitos Humanos está preocupada com um militar gambiano detido na Guiné-Bissau, fugido após um golpe militar falhado naquele país anglófono, disse à imprensa o presidente da organização.
Para Luís Vaz Martins, as informações sobre a alegada presença do militar gambiano na Guiné-Bissau «ainda são oficiosas» mas são mesmo assim «preocupantes», uma vez que a Gâmbia é um país onde se aplica a pena de morte.
«Na Gâmbia vive-se uma autêntica caça às bruxas, é um país que aplica factualmente a pena de morte», afirmou Luís Vaz Martins, lembrando que a lei guineense não permite a extradição para um país que aplica a pena de morte aos seus cidadãos.
Na noite de terça para quarta-feira, forças leais ao Presidente gambiano, Yaya Jammeh, anunciaram ter abortado uma alegada tentativa de golpe perpetrado por uma ala de militares descontentes. O Presidente Jammeh, que se encontrava em visita ao estrangeiro, ao chegar ao país horas depois considerou que o movimento foi apoiado «por potências estrangeiras».
Luís Vaz Martins disse que pelas informações de que dispõe vive-se «uma grande crispação» na Gâmbia nos últimos dias, pelo que a sua organização apela às autoridades guineenses para estarem atentas perante pessoas que possam vir pedir proteção na Guiné-Bissau.
A Liga está a tentar identificar os cidadãos da Gâmbia que possam ter entrado no território guineense nos últimos dias em conexão com a alegada tentativa do golpe, para saber da sua situação. A partir das informações recebidas de organizações congéneres do Senegal e de outros países da sub-região africana, diz que serão «três ou quatro» os cidadãos gambianos detidos pelas autoridades guineenses.
Seja qual for o número de pessoas em causa, Luís Vaz Martins apela às autoridades de Bissau para respeitarem o que diz a Constituição do país em casos de extradição de pessoas para países onde se aplica a pena de morte. O presidente da organização guineense lembra o caso de Samba Kukoy Sanhá, um militar da Gâmbia que também foi detido na Guiné-Bissau, em 2010, e que só não foi extraditado para aquele país devido «à pressão» da sociedade civil. Sanhá também era procurado pelas autoridades de Banjul por alegadamente ter liderado um golpe contra o Presidente Yaya Jammeh. Fonte: Aqui