sábado, 3 de janeiro de 2015

Opinião: A GUERRA DOS SUBSÍDIOS

 
Quando o mês de setembro parecia prometer com a celebração do 24 Setembro, reflexão sobre os 20 anos de Democracia, Empossamento do novo Procurador, qual intervenção do Presidente, rica em insinuações, recados, chamadas de atenção por algumas pessoas descabidas, exageradas e que por isso eram de todo desnecessários.
Ora a verdade é que aconteceram e o Presidente já os proferiu e valem de certa forma de matéria para reflexões e em certos casos suscitou debates interessantes que ajudaram a tomada de posições frutíferas.
 
Já na apresentação do programa do OGE – aprovado por unanimidade – vinham surgindo sinais menos auspiciosos para as semanas que se seguiram. Um ilustre deputado, depois dos habituais cumprimentos de praxe, fez questão de sublinhar, antes de prosseguir com o seu discurso, que gostaria de saber se o quinhão dos deputados estava comtemplado no OGE? Alguém respondeu-lhe que sim e tal foram os aplausos rasgados consequentes daquilo que na altura parecia um pergunta também ela de praxe.
 
Eu sempre tive medo das unanimidades – costumam passar facturas!
 
Nesta senda da casa do povo, pela ocasião do início da 9ª legislatura, como nos tem habituado, lá veio mais uma vez, o Presidente a chamar-nos a atenção de que não estamos preparados a explorar coisíssima (recursos naturais) nenhuma, pelo menos nesta fase – compreende-se. Mas aqui deixo também a minha preocupação senhor Presidente: para quando senhor presidente? Devo também confessar que partilho a sua preocupação. Grupinhos, grupinhos….Sempre existiram e vão subsistir sempre, mas se ao menos com o pouco controlado possamos garantir um estado social, enquanto cidadão nacional, intocável: Educação, Saúde e definir o limite de pobreza.
 
Neste hemiciclo, que pouco tem a ver com o do outrora comparando a cordura das pessoas, as vezes ficamos com a sensação de que os Deputados (nem todos) confundem com um lugar de querelas e reivindicações pessoais em total desrespeito pela povo que os elegeu.
 
É neste hemiciclo que assistimos a birras dos deputados por não serem presidentes deste ou daquela comissão especializada, por qual normas estatuárias, numa situação de exceção não parece uma expressão inteligente senão de imaturidade politica.
 
Quando “todos” vivíamos uma espécie de triunfo duma nova geração com sinal de progresso, direitos humanos e política social. Um progresso da juventude, onde tudo parecia ir de consenso, respeito, diálogo e reconciliação eis que nos cai a bomba dos subsídios, seguido de polémicas, boatos e pedidos de desculpas para todos os gostos com esgrimir de argumentos de quem tenta encobrir o sol com peneira e como todos sabemos nunca resultou e não foi desta. Ficou a polémica servida.
 
Está claro que no parlamento o ingénuo sai ferido com gravidade. Quando se malgasta, se abusa sem explicitar e se administrar sem acertos a linguagem, ela vai distar dos objetivos propostos. Aí (no Parlamento) não há contemplações. Ou se é ou não inteligente.
 
Disse, e bem, o Presidente do parlamento que não se trata de aumento de salário mas sim dos subsídios. Porque será que hoje em dia interessam mais os subsídios que o salário propriamente dito!? A origem deste mal está na instituição onde partidos políticos, que na sua maioria não deviam existir, inventaram em catadupa instrumentos a que chamaram leis sem cunhos jurídicos e com o único propósito de amealharem o erário público. Este país não avançará com boas vontades e carolices, mas sim com vontade boa e bom senso que é o nosso grande défice.
 
Camaradas deputados, sem intenção de vos negar a razão, não podiam ter escolhido a pior, forma, lugar e altura para revindicarem aquilo acharem ter direito. Já pensaram no que ganham os que vos elegeram para os representarem?
 
Já pensaram na nossa EDUCAÇÃO (Professores)? HOSPITAIS?
 
Senhor 1º Ministro sabemos todos que realizar eleições não significa Democracia.                Aliás sabemos, sobretudo para quem o conhece, que este não é de todo o seu Governo ideal, foi de facto o possivelmente amanhado dada as circunstâncias, pelo que devia estabelecer uma meta a curto-médio prazo, devia atribuir responsabilidades objetivas e sem ter atuação direta, deveria haver demissões, para aqueles sem perfil político institucional, como prova de firmeza e não ter como recurso a Teoria Pombalina.
 
Deve, sempre que a situação o exija, ser o primeiro a vir manifestar a sua preocupação ao povo sem ser maximalista. O silêncio ensurdecedor cria empatia e dá lugar a boatos.
 
Este povo a que todos fazemos parte é um povo calado e ao mesmo tempo o povo que mais fala.
 
Veja a sua volta senhor 1º Ministro para perceber que nem tudo o que parece é!! Deus bendiga a Guiné-Bissau.
 
Por: Bacar Sanhá