O movimento «maker» está a expandir-se por todo o mundo. O Homem percebe que está a regressar a uma altura em que nada é melhor do que fazer pelas suas próprias mãos, e isso leva a um outro impulso – o de inovar. Em África, o movimento também existe, e com características especiais.
No Togo construiu-se uma impressora 3D a partir de lixo eletrónico. No Gana criou-se um sistema que separa este tipo de lixo dos restantes. Ambas as ideias conquistaram popularidade e interesse por todo o mundo. Mas não foram as únicas a surgir no continente africano. Aqui, o objetivo é sempre encontrar formas de resolver problemas complexos e utilizando apenas os meios por vezes muito limitados de que se dispõe. E assim surgiram moinhos de mecânica mais simples, fáceis de reproduzir e de instalar, e placas solares biológicas. Em análise estão também hipótese de tornar o sistema de voto eletrónico mais barato, por forma a controlar as comuns suspeitas de fraude, ou ainda uma tentativa de transformar urina em combustível. Aliás: os peritos afirmam que África é, desde sempre, a região dos «makers». Em muitos locais, os habitantes do continente sempre tiveram de inventar, de «fazer», para conquistarem determinados serviços ou facilidades. E tudo isto começou muito antes de os «makers» serem uma moda global. A diferença é que, agora, como a ideia do «faça-você-mesmo», mas a uma escala por vezes muito grande, está instalada, os olhos poem-se mais uma vez em África.
Há já, por todo o continente, várias associações de ajuda à população que procuram apoiar as novas ideias. Seja percebendo-as, seja financiando-as, seja ajudando na sua execução ou seja divulgando-as depois de executadas, se possível por todo o mundo.
Na África do Sul, Joanesbrugo acolhe regularmente a Maker Faire – que é mesmo aquilo que o nome indica: uma feira de «makers», que os traz de todo o continente para mostrarem ali, e ao mundo, o que criam. Por vezes, vendem a ideia, conquistam patrocínios ou são convidados a desenvolvê-la ainda mais, com apoios internacionais. E assim se cria desenvolvimento – de África para o mundo. Uma feira semelhante também já aconteceu no Quénia.
É quase um dado adquirido que as limitações monetárias e materiais aguçam o engenho. E, ainda que o princípio seja triste, aqui África pode mesmo partir em primeiro lugar. Talvez não haja em nenhum outro lugar tanta necessidade de improvisar, de criar de onde parece impossível a criação. Mas isso fez dos africanos os mais engenhosos. Os mais originais. E em muito os mais bem-sucedidos. Os «makers» são uma moda que se espalhou pelo mundo, devido até aos condicionamentos económicos que se verificam em tantos lugares. Mas a génese, e o local onde brilharão sempre mais, chama-se África. Fonte: Aqui