Os trabalhadores nacionais da empresa chinesa responsável pela construção do Palácio da Justiça guineense estão fora do perímetro das instalações da justiça, ainda em construção desde passado dia 15 de janeiro.
Em causa está uma decisão da empresa tomada depois de um cidadão chinês ter sido espancado na semana passada, por um individuo não identificado. Segundo a comissão dos trabalhadores nacionais, as alegações apresentadas pela empresa indicam que o cidadão chinês terá sido espancado por um ex-trabalhador expulso da empresa por embriaguez.
Neste sentido, Domingos Marna, porta-voz da comissão dos trabalhadores nacionais, diz não compreender por que razão um caso isolado e ainda sem provas concretas do autor do ato, afetaria um grupo de 126 pessoas.
Para Domingos Marna o plano em marcha não passa de uma cilada para despedimento em bloco dos trabalhadores nacionais. Apesar de lamentar a alegada agressão contra o cidadão chinês, Marna entende que o sucedido não deve afetar os inocentes.
No terreno, O Democrata constatou que o portão principal que dá acesso ao interior das obras, estava fechado. No mesmo portão estava um aviso de proibição de entrada dos trabalhadores até a nova ordem.
A ordem, segundo o porta-voz do grupo dos trabalhadores nacionais, não se sabe de quem vem. Porque os próprios chineses não precisaram de quem saiu a ordem que proíbe a entrada dos trabalhadores ao interior das instalações.
De acordo com Domingos Marna, a decisão de mandar suspender os trabalhadores da empresa, terá saído da Embaixada da República Popular da China com o conhecimento das autoridades nacionais.
Na última sexta-feira, contou o porta-voz, todos os trabalhadores foram obrigados a entregar “capacetes e senhas” à empresa e depois foram pagos os dias trabalhados.
“É estranho atribuir a responsabilidade à comissão dos trabalhadores de identificar o autor do ato. Não sabemos de quem se trata. Mesmo se se tratasse do alegado ex-trabalhador da empresa, seria apenas suspeita. Não somos a Polícia Judiciária, quem tem a competência de investigar casos desta natureza”, lamenta.
Segundo um trabalhador guineense, um cidadão nacional que trabalha na mesma empresa, foi vítima de agressão por um grupo dos chineses dentro da própria empresa em pleno actividade laboral, nada foi feito e nem as portas fecharam para os chineses.
“Tratando-se apenas de um caso de suspeita e fora das obras as pessoas são vedadas de trabalhar”, questiona esse trabalhador num tom aberrante.
O Democrata soube através do porta-voz que inicialmente o que estava em reivindicação era aumento do salário inicial de mil e oitocentos e cinquenta francos CFA, para três mil francos Cfa diários. Depois de várias negociações a empresa acabaria por fixar dois mil e cem francos Cfa, isto é houve um acréscimo de duzentos e cinquenta francos Cfa acima do valor inicial. Devendo a empresa acrescer mais cinquenta francos Cfa só a partir de abril próximo.
Domingos Marna contou a’O Democrata que o assunto é de conhecimento da Inspeção Geral do Trabalho que, após uma audiência com a comissão dos trabalhadores, confirmou que os contratos celebrados com a empresa eram ilegais.
Domingos Marna advertiu que caso as diligências dos trabalhadores não tiverem efeitos, levarão a cabo uma marcha pacífica até à Presidência da República para exigir que lhes sejam respeitados e dados seus direitos.
O lançamento da primeira pedra aconteceu a 30 de Outubro do ano passado em Bissau. As obras do palácio da justiça com uma área de 9.500 metros quadrados foram orçadas em 14,5 milhões de dólares americanos. As obras estão a ser executadas pela empresa chinesa sob a supervisão do Governo guineense.
Por: Filomeno Sambú
Fonte: odemocratagb.com