Ouagadougou - A exumação do corpo do ex-presidente Thomas Sankara e dos seus doze companheiros assassinados em 1987, durante o golpe de Estado iniciou esta segunda-feira, num cemitério de Ouagadougou, no quadro de uma instrução aberta no final de Março, noticiou a AFP.
Thomas Sankara foi enterrado de forma discreta a 15 de Outubro de 1987, após o seu assassinato durante o golpe de Estado que colocou Blaise Compaoré no poder durante 27 anos.
Ele foi enterrado no cemitério de Dagnoem (bairro este de Ouagadougou), mas a sua família e os seus inúmeros simpatizantes duvidam que o seu corpo esteja realmente enterrado nesse local.
Segundo os próximos das vítimas, os jovens munidos com "picaretas e pás" começaram a "abrir dois túmulos" no referido cemitério.
"Eles estão a cavar os túmulos, isto pode levar muito tempo", afirmou Mariam Gouem, a filha de um dos guardas costas de Sankara que foi também assassinado na mesma altura.
"Isto é doloroso para nós, eu estou dentro (do cemitério) com a minha irmã mais nova. Quando o pai foi morto, ela tinha apenas seis meses", declarou a filha de Der Somda, outro companheiro de Sankara.
A operação é conduzida por três médicos, um Francês e dois Burkinabés na presença do comissário do governo e de um juiz de instrução.
A polícia bloqueou o acesso ao cemitério à dezenas de curiosos que gritavam: "queremos a verdade", "a "pátria ou morte venceremos".
A família de Thomas Sankara que não assiste á exumação, está representada pelo seu advogado Benwendé Sankara.
O regime de Compaoré, derrubado no final de Outubro, por uma insurreição popular, sempre se recusou a abrir um inquérito sobre as circunstâncias do assassinato de Sankara.
No inicio de Março, o governo de transição formado após a queda do presidente Compaoré autorizou a exumação do corpo de Sankara, afim de o identificar formalmente.
Os túmulos foram selados desde o início de Abril pela justiça militar do Burkina-Faso que investiga desde Março sobre as circunstâncias do desaparecimento do "pai da revolução Burkinabe."
Várias audições tiveram já lugar no quadro dessa inquérito e nomeadamente o de Mariam Sankara, viúva do defunto presidente, em 14 de Maio último.
A figura de Thomas Sankara, revolucionário elogiado pela sua integridade e ícone do panafricanismo, foi amplamente evocado durante a revolta popular que levou ao derrube de Compaoré a 31 de Outubro último. Fonte: Aqui