domingo, 24 de maio de 2015

EM 2050, ÁFRICA TERÁ 40% DAS CRIANÇAS DO MUNDO

Em 35 anos, nascerão quase dois milhões de bebés só em África, o que fará com que a população duplique neste espaço de tempo, refere o relatório da UNICEF Geração 2030/Relatório sobre África, apresentado esta terça-feira em Joanesburgo, África do Sul. Em 2050, 40% de todas as crianças do mundo terão nascido em África - serão mil milhões de crianças. Em 1950, apenas 10% das crianças do mundo viviam no continente africano, mas 100 anos depois serão, como referido, 40%, refere o comunicado de imprensa.
 
Se o passado da humanidade se centrou em África, o futuro também se centrará. Atualmente, 16 em cada 100 pessoas no mundo são africanas. Em 2050, 25% da população mundial será africana – 2,4 mil milhões de pessoas – e, no final do século, serão 39% – 4,2 mil milhões de pessoas, tantas quantas existiam no mundo em 1977. A Nigéria, onde se verifica o maior número de nascimentos do continente, vai reclamar para si 10% dos nascimentos mundiais em 2050.
 
O aumento da população, sobretudo da população jovem, contrariando o que acontece nos países desenvolvidos, deverá ser aproveitado e potenciado – em 15 países de África mais de metade da população são crianças com menos de 18 anos. «Este relatório deve servir como catalisador para um debate internacional, regional e nacional sobre as crianças africanas», afirmou Leila Gharagozloo-Pakkala, directora regional da UNICEF para a África Oriental e Austral. «Investindo nas crianças de hoje – saúde, educação e proteção –, África poderia tirar partido das vantagens económicas como as que ocorreram noutras regiões e noutros países que passaram por alterações demográficas semelhantes».
 
Por isso a aposta em programas baseados na igualdade tem de ser uma prioridade, conforme defende Manuel Fontaine, director regional da UNICEF para a África Ocidental e Central. «Se o investimento nas crianças africanas não for considerado prioritário, o continente não conseguirá aproveitar plenamente esta transição demográfica nas próximas décadas. Sem políticas equitativas e que favoreçam a integração, o ritmo de crescimento pode anular as tentativas para erradicar a pobreza e até aumentar as disparidades».
 
Com a maior taxa de natalidade do mundo, o continente africano encara também uma elevada taxa de mortalidade infantil. É em África que morre metade das crianças do mundo, mas daqui a 35 anos poderá ser 70%. Uma em cada onze crianças morre antes do seu quinto aniversário, uma taxa 14 vezes superior à média dos países de rendimento elevado, refere o relatório. Também a esperança média de vida é muito inferior à dos países desenvolvidos -58 anos em África, menos 12 anos do que a média global.
 
Um terço das mortes de crianças com menos de 5 anos ocorre nos países africanos com conflitos armados. Dos 34 países apontados, em 2014, pelo Banco Mundial como vivendo em contextos de fragilidade e conflito, 20 estão em África. Um quarto da população africana vive nestes 20 países, assim como três em cada dez crianças com menos de 10 anos.
 
«As alterações demográficas profundas, pelas quais a população de crianças africanas vai passar, estão entre os problemas mais importantes que o continente enfrenta, e são, sem dúvida, um assunto crucial para o mundo», sublinha o relatório, que diz que a aposta deverá estar na expansão do acesso a serviços de saúde reprodutiva e em medidas para reforçar a autonomia das raparigas e para as manter na escola. Fonte: Aqui