Ao visitar Cabo-Verde de improviso, ou talvez não, o primeiro-ministro guineense realça ou força uma aproximação pessoal, comprometedora para com esse país com a qual temos tido uma relação de paixão e ódio.
O pomposamente denominado “II Diálogo Estratégico” promovido pelo Ex-Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires através do Instituto com o mesmo nome, revelou-se um palco de promoção de figuras alinhadas com o folhetim amplamente debitado pela RDP-África, não faltando inclusive convidados sempre dispostos a legitimar, com a sua presença, ou parecer, todo tipo de estratégia que visa a transferência de riquezas de África para a ex-metrópole, sabendo de antemão que tarde ou cedo acabarão por colher frutos do tempo empregue.
Se no entendimento do organizador a experiência Guineense era entendida como enriquecedor (mais valia), do lado da Guiné-Bissau, o convite, a ter existido, deveria ser respondido com um reajustamento do nível de representação, também temos pensadores, até mesmo no campo ideológico em que DSP se sente mais confortável, mas, jamais deveria o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, aceitar a função de mordomo na abertura do singelo evento. Esta é uma forma de cativar a subalternização do nosso país.
O Primeiro-Ministro por vezes parece perder a noção e o sentido de estado, assim como o indissociável comprometimento da sua imagem junto do seu povo e da sua nação, já os seus amigos português reclamavam que: <<Não há festa nem festança sem a dona Constança>>. Não é esse seguramente o papel reservado ao primeiro-ministro, o guineense podia ter alguma ansiedade em ver uma figura bem-falante a representa-lo pelo mundo, mas tudo o que é demais faz mal, como diz a velha sabedoria popular, Domingos Simões Pereira não pode se remeter as funções de um super RP (relações pública) porque nesse caso esvazia o seu gabinete, acima de tudo a Guiné-Bissau precisa de um primeiro-ministro, a função de RP poderá ser delegada a um outro Ministro dos Negócios Estrangeiro que não o Mário da Rosa.
Do ponto de vista politico, a visita é despropositada, desajuizada, e imprudente. Relança velhas desconfianças em relação ao eventual regresso de um político nacional exilado em Cabo-Verde, regresso esse que inquieta muitos guineenses. Volta a colocar a Guiné-Bissau e as suas instituições na situação de subserviência perante Cabo-Verde, revela igualmente que o Primeiro-Ministro continua a fazer jogo sujo com o seu presidente José Mário Vaz. Nhu Morgado esquece-se que ele é Primeiro-Ministro, mas tem um Presidente que se chama JOMAV. Tenta esconder a sua débil situação interna no partido e no país com a manta de apoios internacionais absolutamente ineficazes em matéria de política interna como está sobejamente provado.