O Presidente de Assembleia Nacional Popular (ANP), Cipriano Cassamá disse esta segunda-feira, 18 de Maio, que na Guiné-Bissau o passado está mudo, presente é surdo e o futuro está cego. Para o líder do Parlamento guineense, a transformação dessa realidade exige que o “passado fale, presente escute e o futuro veja”.
Cassamá fez esta declaração a’O Democrata durante a cerimónia da tomada de posse da Comissão Organizadora da Conferência Nacional da Reconciliação sob o lema ʺCaminhos para Consolidação da Paz e Desenvolvimento”. O evento decorreu nas instalações da Assembleia Nacional Popular.
Cipriano Cassamá adiantou ainda que só se conseguirá transformar o presente quando houver a reconciliação com o passado. “Só a verdade nos libertará e a justiça nos unirá, porque a reconciliação não é e nem pode ser uma caça às bruxas”, lançou.
Cassamá sublinhou que a comissão ora empossada tem como principal objectivo criar condições para a Conferência Nacional que se prevê realizar, em tempo razoável, com vista à definição de um modelo de reconciliação entre os guineenses.
O Presidente da Comissão Organizadora da Conferência Nacional, o Padre Domingos da Fonseca assegurou que a Conferência Nacional subordinada ao lema “Caminhos para a Consolidação da Paz e Desenvolvimento” constitui um espaço de reflexão, concertação, interacção e posicionamento sobre causas, consequências, prevenção e resolução de conflitos no nosso país.
Sublinhou ainda que a paz é um bem comum cuja promoção e protecção requer esforços de todos e de cada um, de instituições da sociedade e dos cidadãos, tendo em vista a defesa do interesse nacional, a promoção da segurança, o desenvolvimento humano e o exercício da cidadania.
O Vigário Geral da Diocese de Bafatá e Pároco da Paróquia da Santa Cruz de Buba advertiu por outro lado que o momento político que o país vive hoje está prenhe de enormes desafios, mas também recheado de esperanças.
ʺAs condições do Estado institucionalmente frágil, pós-conflito com níveis elevados de precariedade social, com feridas ainda profundas, cicatrizes ainda abertas, corações habitados de sentimentos de ajustes de contas e espírito de vingança, escassos de recursos financeiros para implementar políticas e estratégias de desenvolvimento, colocam a Guiné-Bissau perante uma situação complexa e difícil, que ainda configura ameaças para a paz, estabilidade social e capacidade de governabilidade do paísʺ.
Em representação da Bancada Parlamentar do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Wasna Papai Danfa afirmou que é chegada a hora dos guineenses escolherem o melhor caminho, sublinhando que mesmo Deus recomenda que “se perdoe uns aos outros para que haja a paz e harmonia”.
O Representante do Grupo Parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS) Daniel Suleimane Embaló vincou que a tomada de posse de membro da comissão representa uma prova evidente e clara de que os guineenses estão ansiosos para identificarem as causas e consequências dos conflitos que ciclicamente assolaram o país e procurarem soluções.
Aladje Abubacar Baldé do Partido Nova Democracia (PND) disse que o fundamento do Estado guineense é construir uma sociedade moderna e próspera, assente no respeito de direito aos cidadãos para que se possa alcançar a paz, factor essencial do desenvolvimento de qualquer país do mundo.
João Maria Baticã Ferreira da União para Mudança (UM) apelou à vontade e determinação da classe política na procura de melhores soluções para os problemas do país. A reconciliação dos guineenses, afirma o deputado, deve ser assumida por todos como um desígnio nacional, caso contrário, o almejado desenvolvimento socioeconómico e cultural do país permanecerá sempre uma miragem ao longo de gerações.
Por: Aguinaldo Ampa
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