Os guineenses naturalmente temem que os Bastidores do Jogo Político do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) poderá conduzir a guetização política democrática do país, criando um clientelismo político como a residência de instabilidade política parlamentar crónica, uma vez que a nossa classe política jamais adoptará um comportamento político parlamentar de prescrições legais na defesa dos interesses nacionais.
O papel das “Bocas Alugadas” nos Bastidores do Jogo Politico do PAIGC é fundamental na análise da guetização do nosso país, porque não se limita apenas a fornecer um contributo técnico no que diz respeito as estratégias de comunicação comercial a seguir pelos vários líderes das facções políticas, mas se procura, sobretudo, influenciar o público eleitor a assumir e a partilhar, com o seu ponto de vista, os ideais do líder de uma fações que as alugou.
É este predomínio de uma visão da comunicação política comercial das “Bocas Alugadas” nos Bastidores do Jogo Político no interior do PAIGC que está na origem de inúmeros conflitos políticos partidários relacionados com as obrigações profissionais dos nossos parlamentares, hoje confrontados com dificuldades de conciliarem os seus deveres de deputados da Nação com os comentários das “Bocas Alugadas”. O que transforma e reduz a nossa população eleitora, a nível nacional, em meros consumidores dos discursos jurídicos das “Bocas Alugadas” nos Media.
A concorrência dos discursos jurídicos das “Bocas Alugadas” na nossa esfera pública é responsável por uma aceleração na produção de conteúdos informativos, nos Bastidores do Jogo Político do PAIGC, que dificultam, em parte, o cumprimento das exigências éticas e legais que consiste em evitar no Parlamento erros, imprecisões nas interpretações de diversas legislações e comprovar as informações provenientes dos advogados e especialistas externos a esfera da casa da democracia nacional.
As consequências da tentativa das “Bocas Alugadas” de aumentar a todo custo, a legitimidade dos seus produtos jurídicos discursivos, através de uma acentuação exagerada do dramatismo nas interpretações legalistas dos acontecimentos políticos parlamentares são, sem margem para dúvida, as condições fundamentais da guetização política parlamentar do país cuja residência é exatamente a instabilidade política e governativa que estamos hoje progressivamente a construir o seu edifício sem termos, na mente, a visão da sua missão no desenvolvimento democrático do nosso país.
Na verdade a concorrência entre as “Bocas Alugadas” nos Bastidores do Jogo Politico no interior do PAIGC não favorece a pluralidade e a diversidade de conteúdos dos debates parlamentares nem promove honestidade intelectual no nosso parlamento. Ao invés, as “Guerras de Audiências” entre as “Bocas Alugadas” pelos líderes das facções que digladiam hoje internamente no PAIGC são pura e simplesmente de tentar satisfazer, o maior número possível, da nossa incompetência coletiva parlamentar e da nossa história recente da democracia nacional.
O aumento significativo do número de “pseudo-acontecimentos” que estamos assistir hoje na Assembleia Nacional Popular (ANP), tem como consequências diretas, um crescimento exponencial da ambiguidade entre o natural e o artificial na política partidária, entre a realidade da ficção da política parlamentar e a ficção da realidade da política parlamentar que coabitam há década nos Bastidores do Jogo Político no interior do PAIGC.
Os dirigentes e os militantes do PAIGC, ao que parece, ainda não se perceberam que a vida de cada um de nós hoje e os acontecimentos que ocorrem na Guiné-Bissau já não são o seu referente direto e exclusivo, porque os universos discursivos construídos durante a luta armada da libertação nacional pelos Media foram convertidos hoje em modelos estereótipos e em critérios de referencias para a nossa vivência comum na Guiné-Bissau e no mundo em geral. Infelizmente, as suas “Bocas Alugadas” esqueceram que a esfera pública nacional sabe que existe hoje no mundo estratégias de comunicação comercial que estão por detrás dos políticos que pretendem fazer passar determinados interesses pessoais a margem da legalidade da gestão das políticas públicas.
A guetização da nossa política partidária e parlamentar se deve as contradições entre os critérios comerciais das “Bocas Alugadas” pelos líderes das facções políticas nos Bastidores do Jogo Político do PAIGC e os critérios dos deputados da Nação nas interpretações de diversas legislações da ANP. Esta contradição gerou, por outro lado, uma conflitualidade latente e cria sérios constrangimentos à autonomia dos deputados da Nação em relação aos partidos políticos e ao próprio direito do público eleitor a informar-se e a ser informado com isenção e imparcialidade distinta a das “Bocas Alugadas” pelos líderes das facções que digladiam pela posse da razão pessoal e política partidária e não da gestão das políticas públicas do Estado da Guiné-Bissau.
António Nhaga
Diretor-Geral