Diáspora na América.
Um recenseamento feito há cerca de dois anos pela Associação da Comunidade da Guiné-Bissau nos Estados Unidos (ACGB-USA) registou cerca de 500 guineenses adultos, na sua grande maioria na Nova Inglaterra.
Admite-se, no entanto, que o número seja muito superior, numa comunidade muito dividida, mas que continua a seguir o que se passa na Guiné-Bissau.
Espalhados por vários Estados, os guineenses estão presentes em muitos sectores, mas a grande maioria trabalha na construção.
Daniel Miguel(na foto), presidente em exercício da ACGB, diz que metade ou mais “encontra-se em situação de ilegalidade, havendo, no entanto, muitos estão no processo de legalização”.
Nos últimos tempos, têm chegado muitos guineenses de Cabo Verde por casamento com naturais das ilhas.
A Associação da Comunidade da Guiné-Bissau nos Estados Unidos, criada na década de 1980, enfrenta muitas dificuldades, entre elas a falta de meios e o afastamento dos imigrantes, como diz Daniel Miguel
“Muitos se afastaram devido aos problemas que se registaram na associação no passado e, apesar dos nossos esforços, é muito difícil fazer qualquer trabalho”, explica Miguel, que justifica a falta de meios para “unir aqueles que não querem se unir”.
Apesar da distância, os guineenses, como outras comunidades, procuram manter-se ligados ao que passa no seu pais natal.
Lídia Silva, professora universitária em Salisbury, Mariland, procura sempre estar informada e quanto à gastronomia não enfrenta problemas “porque há ingredientes nos mercados africanos para preparar pratos típicos guineenses”.
As novas tecnologias, na verdade, constituem hoje um aliado extraordinário dos imigrantes.
Tanto Silva como Miguel, “e muitos outros” não se cansam de procurar notícias “nos blogues, jornais digitais, redes sociais pessoais, apesar de não se ter acesso a muito informação do Governo”, lamenta o presidente da ACGB e técnico sénior de programação informática.
Além da legalização, que afecta todas as comunidades, os guineenses enfrentam também o duro problema das deportações, principalmente de jovens que entram para o mundo do crime, “um estigma para a comunidade”, de acordo com Daniel Miguel.
Apesar de, como expressa a maioria dos guineenses, “estarmos muito tristes e preocupados com a situação do país", a vontade de regressar é uma realidade, mesmo para aqueles que se encontram bem integrados
Lígia Silva pensava regressar à Guiné-Bissau no verão passado, mas a nova crise que assola o país levou-a a adiar a decisão.
"Vou ter de esperar um pouco mais", revela aquela professora uriversitária que reconhece ser "muito difícil uma pessoa devidamente instalada", regressar à Guiné-Bissau.
Além da ACGB liderada por Daniel Miguel, há uma outra associação de guineenses com o mesmo nome da ACGB, fruto de uma divisão no seio da comunidade.
Não foi possível falar com os seus responsáveis.
Muitos dizem que essa divisão poder ser um reflexo do país, mas para outros a emigração tem caminhos vários que dificultam, às vezes, a aproximação das comunidades. Voz da América