MPLA cometeu excessos no tempo de Lúcio Lara
Delegação do MPLA na assinatura do Acordo de Alvor, em 1975: Lúcio Lara (ao centro) ao lado de Agostinho Neto (esq.)
Lúcio Lara será também recordado pelos massacres e outros excessos praticados em Angola pelo partido de que foi secretário-geral durante muitos anos.
Da parte da sociedade civil fizeram-se ouvir vozes críticas em relação a Lara, sobretudo devido ao seu papel nos denominados massacres de 27 de maio.
Recorde-se, que no dia 27 de maio de 1977, começou um dos períodos mais negros de Angola. Neste dia houve manifestações em Luanda a favor do então ministro do interior Nito Alves, suspeito de estar a organizar um golpe de Estado. A seguir, milhares de angolanos foram torturados e assassinados.
Todas as testemunhas e todos os historiadores, entrevistados pela DW África sobre o assunto apontam Lúcio Lara, a par do então presidente Agostinho Neto, como principal responsável pela purga que terá custado a vida a um número indeterminado de Angolanos, número esse que - tudo indica - poderá ter ultrapassado os 40mil.
Lúcio Lara, o tal herói que o MPLA quer inscrever com letras de ouro na história de Angola, é - também - um dos máximos responsáveis pelo maior massacre na história de Angola independente. A historiadora portuguesa e coautora do livro "Purga em Angola", lançado em 2007, Dalila Cabrita Mateus, respondeu da seguinte forma à pergunta da DW África, sobre quem foram os principais responsáveis pelos massacres de 27 de maio:
O livro que conta a purga que fez dezenas de milhar de mortos a seguir ao levantamento de 27 de maio de 1977, conhecido como o "Golpe de Nito Alves"
"Os responsáveis máximos eram Agostinho Neto, Lúcio Lara, Iko Carreira, Rodrigues João Lopes (Ludy) e Henrique Santos (Onambwé)."
No mesmo sentido foi o depoimento do General angolano Silva Mateus, presidente da fundação 27 de maio: "Os responsáveis eram – a nível do MPLA – Agostinho Neto, Lúcio Lara e mais um outro. A nível das instâncias – no Ministério da Defesa, na própria DISA, em todas as instituições que compunham o Estado angolano naquela altura, houve muita gente que participou ativamente na repressão, na perseguição e na matança."
No mesmo sentido foi o depoimento do General angolano Silva Mateus, presidente da fundação 27 de maio: "Os responsáveis eram – a nível do MPLA – Agostinho Neto, Lúcio Lara e mais um outro. A nível das instâncias – no Ministério da Defesa, na própria DISA, em todas as instituições que compunham o Estado angolano naquela altura, houve muita gente que participou ativamente na repressão, na perseguição e na matança."
E Francisco Pascoal, um dos perseguidos que conseguiram escapar à matança, em entrvista à DW África, também aponta o agora falecido Lúcio Lara como um dos principais responsáveis pelos massacres:
"Os responsáveis foram muitos. Primeiro vamos começar pelo camarada Lúcio Lara [na altura secretário do Bureau Político do MPLA]. Eu fui delfim dele, gostava do camarada Lúcio Lara. Mas posso dizer que o camarada Lúcio Lara, ..., o camarada Iko Carreira [na altura ministro da Defesa], o camarada Rui Monteiro – os nossos camaradas com quem nós próprios convivíamos – eram os nossos principais carrascos."
Militância de Lúcio Lara começa na década de 50
Lúcio Lara, filho de pai português e mãe angolana, natural do Huambo, iniciara a sua militância no partido maioritário na década de 1950, tendo sido eleito secretário da organização e dos quadros do partido na primeira conferência nacional do MPLA, em dezembro de 1962. Posteriormente, passou a secretário-geral.
Militância de Lúcio Lara começa na década de 50
Lúcio Lara, filho de pai português e mãe angolana, natural do Huambo, iniciara a sua militância no partido maioritário na década de 1950, tendo sido eleito secretário da organização e dos quadros do partido na primeira conferência nacional do MPLA, em dezembro de 1962. Posteriormente, passou a secretário-geral.
Antes do agravamento do seu estado de saúde e da consequente retirada da vida política, Lúcio Lara era deputado do MPLA à Assembleia Nacional.
Da sua relação com Ruth Lara nasceram três filhos, Paulo, Wanda e Bruno. Como recordarão eles o pai agora falecido? Apenas como herói da pátria cujo nome será inscrito com letras de ouro na história de Angola? Ou será que o seu nome também deverá ser escrito com letras de sangue? Eis a questão. Fonte: DW