quinta-feira, 17 de março de 2016

MOÇAMBIQUE: 150 PESSOAS ABANDONAM AS SUAS CASAS EM MOAZE

Para os cães de fila da CPLP, disfarçados com camisolas da ONU e UA, que se deslocaram recentemente à  Guiné-Bissau: Precisa-se urgentemente de uma missão de paz em Moçambique. Até quando vão continuar escondidos debaixo da mesa? O vosso silêncio é ensurdecedor. Que vergonha!  Leia também: Três mortos em ataques da Renamo na semana finda

Apoiantes da RENAMO abandonam as suas casas em Moaze, Changara, por alegadas agressões por parte de membros da FRELIMO e da polícia moçambicana.
Casas incendiadas, pilhagem de bens e agressões físicas levam a que mais de 150 pessoas apoiantes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) abandonem as suas casas em Moaze, uma cidade do distrito de Changara, localizada no sudoeste da província de Tete.
 
Alegadamente, estes atos são levados a cabo por membros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), com destaque para a Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLIN), com o apoio de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).


João Jeque, um carpinteiro de 49 anos, que está com o braço direito engessado, conta à DW África que foi agredido na semana passada por um grupo de 70 membros da FRELIMO. "[Quando] saí da machamba [terreno de cultivo], começaram a dar-me porrada", conta, acrescentando que estes atos são cometidos com a conivência de agentes da polícia moçambicana. "Há polícia dentro dessa campanha. Eles diziam-me ‘Você é da RENAMO, não te queremos aqui. Queremos limpar todos da RENAMO’".

O carpinteiro está a caminho do Malawi, juntamente com a sua família. "Onde vou estar, se lá [Moaze] não me querem ver?", questiona, apontando para os seus seis filhos. A família procura agora abrigo na cidade de Tete.

Judite António, uma idosa residente em Moaze, tem um braço partido, na sequência das agressões de que foi vítima. "[Os agressores] chegaram e disseram que o [meu] irmão é da RENAMO. Sou víuva, não tenho filhos. Mesmo assim, disseram ‘Matemo-la, é da RENAMO’", relata a senhora, que diz ter visto a sua casa ser destruída por alegados membros da FRELIMO. Enquanto uns a espancavam, outros gritavam para a matarem. "Bateram-me com um ferro e eu desmaei. Quando acordei, descobri que me tinham partido o braço", recorda.

João Sixpense, um comerciante de 59 anos, viu a sua mercearia e a sua casa serem pilhadas na noite de 9 de março. "Bateram-nos, vandalizaram as casas, outras casas foram queimadas", conta o comerciante, que diz que os agressores vinham acompanhados de dois agentes da PRM e que quase todos os membros da sua família foram agredidos. "Até a minha mãe levou porrada", acrescenta.

Sixpense diz que, tal como centenas de moçambicanos já fizeram, também irá para o Malawi. "Se não me estão a dar ouvidos, vou partir para o Malawi. Ouvi dizer que estão lá refugiados [moçambicanos], também me enquadro neles", afirma.

RENAMO diz que agressões acontecem há mais de um mês

A chefe da secção de imprensa do comando provincial da Polícia da República de Moçambique em Tete, Deolinda Matsinhe, diz que não recebeu nenhuma queixa relacionada com o facto, mas promete dar esclarecimentos amanhã (18.03), depois de apuradas as informações.

A delegação provincial da RENAMO em Tete diz que as agressões contra os seus apoiantes em Changara já acontecem há mais de um mês. "O primeiro grupo deu entrada aqui no mês passado", denuncia Félix Assomate, delegado político provincial do partido da oposição em Tete. "Do mês passado para cá fomos assistindo a estas situações", afirma.

"São membros da FRELIMO que estão a fazer isso", acusa Assomate, que diz que o partido no Governo está a criar o pânico em Moaze. No entanto, o porta-voz da FRELIMO em Tete, Domingos Macajo, limitou-se a dizer que não são verdadeiras as acusações contra o partido no poder.

Hoje (17.03), mais de 150 supostos simpatizantes da RENAMO juntaram-se na sede provincial do partido em Tete, onde anunciaram que estão de partida para o Malawi, devido à falta de segurança na cidade de Moaze. Fonte: DW