terça-feira, 7 de junho de 2016

VALETAS DE SINTRA TRANSFORMADAS NO VAZADOURO DE LIXO E DE IMUNDÍCIE

Imagem de valeta do Bairro Sintra
Kuma terra ranka sem motor di arranki. Didimé só pó na guiné kala!

O Jornal “O Democrata” visitou este fim-de-semana as valetas da cidade de Bissau, que foram transformadas em vazadouros de lixo pelos moradores, alegando falta de espaço e de tanques para a colocação dos lixos domésticos.
No decurso desta visita o reporter de “O Democrata” constatou a vergonhosa e repugnante situação das valetas neste momento cheias de lixo intoxicado, de produtos químicos húmidos, tudo por causa da nova mania de construir as fossas rotas das casas de banho junto às valetas.

A quantidade de lixo nas valetas não permite a passagem das águas das casas de banhos, acabando por estas ficarem estagnadas e tornarem-se em maternidades para os mosquitos o que tem como consequência doenças e mais doenças não apenas para os humanos, mas também para outros animais domésticos como porcos e cães que nelas entram a procura de alimentos para o seu sustento.
Na verdade, o que encontramos no terreno é muito perigoso para as casas próximas das valetas. Elas podem ser inundadas devido ao entupimento das valetas, tudo devido à incúria dos citadinos de cidade de Bissau.
O nosso repórter constatou que os moradores não têm um espaço onde possam amontoar o seu lixo para depois ser recolhido pelos serviços da camarário. Na falta de um espaço, optam por deitá-lo dentro das valetas.
O cheiro nauseabundo que sai destas valetas é muito perigoso para saúde humana, principalmente para as crianças que brincam naqueles “parques” improvisados ou à procura de moedas de 25 e 100 francos que por vezes são juntadas aos lixos.
No decorrer da visita, o repórter encontrou também, nos diferentes bairros, algumas valetas que foram limpas pelos moradores, associações e grupos de jovens, mas cujo lixo ficou amontoado nas estradas a espera das equipas de saneamento da CMB. Por vezes o lixo fica neste espaço durante muito tempo, devido à indisponibilidade dos agentes da CMB ou dos meios camarários para fazer a recolha, ou porque a estrada é exígua e os meios de recolha camarários não conseguem passar.
A nossa reportagem visitou uma valeta em Sintra/ Néma, que faz ligação do bairro de Reno à Sintra, perto do salão Cine Rock e da granja de Pessubé, que foi transformada num vazadouro de lixo e de produtos fora de prazo, por parte dos moradores que alegam não haver espaço para deitar os seus lixos.
O repórter do Jornal “O Democrata” abordou o Secretário da Associação de Jovens de Sintra/Néma (AJSN), Carlos Pereira, que disse desde abertura da valeta, a mesma constituí uma preocupação enorme para os moradores, tendo em conta a sua proximidade das casas e à falta de vedação, o que poderia ajudar em termos de segurança.
Carlos Pereira explicou ainda que nos anos anteriores à criação da Associação Jovens de Sintra /Néma, os moradores agrupavam-se no inicio da chuva para limpar a valeta. A partir da criação desta organização, esta assumiu os trabalhos.
Aquele responsável juvenil acrescentou que o ano 2013, no período da doença da cólera que ceifou muitas vidas às pessoas,  foi o ano em que AJSN conseguiu que um projecto seu recebesse um financiamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF, e fez um grande trabalho de limpeza das valetas.
Carlos Pereira contou que o projecto incluía uma cláusula em que a CMB e a UNICEF se comprometeram em fazer passar semanalmente uma viatura da CMB para remover o lixo, evitando assim que os moradores amontoassem e vazassem o lixo para dentro das valetas. Mas esta entidade não cumpriu a sua obrigação de fazer valer o acordo rubricado.
Aquele responsável juvenil assegurou ainda que um dos moradores do bairro de nome Paulo foi quem substituiu os agentes de saneamento de CMB, disponibilizava a sua viatura para remover o lixo, mas depois da sua mudança do bairro ficaram sem apoio para realizar o trabalho.
“O último trabalho de limpeza que realizamos até data presente foi em 2014, mas sempre recebemos solicitações dos moradores para ajudarmos a limpar a valeta, mas ficamos sem poder responder a esta exigência, porque não temos como fazê-lo” notou.
O Secretário da Associação Jovens de Sintra/Néma (AJSN) advertiu que os prejuízos que os moradores estão a sofrer, no que diz respeito ao paludismo e às outras doenças transmissíveis, são do conhecimento da edilidade, porque a sua organização já enviou várias cartas a informar sobre o assunto. Até já se sentaram a mesma mesa para discutir a forma como o lixo seria retirado, em colaboração com os moradores do bairro. Carlos Pereira exortou a equipa de saneamento da CMB que ajude a Associação só com a viatura para a retirada do lixo.
Os moradores lançaram um apelo à CMB para que lhes ajude a criar uma lei que proíba o vazamento de lixo nas valetas, para melhor ajudarem na protecção das suas vidas.
“As pessoas que fazem este trabalho não são moradores. Esses indivíduos trazem o lixo por volta das 00 horas, quando os moradores estão a dormir, mas também durante o dia. Quando são abordadas, respondem que a valeta é do governo por isso é o local apropriado para vazar lixo”.
Um velho residente do bairro há mais de quarenta anos disse à nossa reportagem que durante todo tempo que viveu no bairro nunca viu agentes da CMB a fazer limpeza daquela valeta intoxicante e prejudicial para saúde humana.
O nosso repórter testemunhou um acidente no local. Uma criança estava a atravessar a valeta numa ponte de madeira improvisada para facilitar os moradores da outra “margem” e acabou por cair e fracturou a mão esquerda. O seu corpo ficou todo sujo daquela água imunda que ninguém sabia há quanto tempo que estava parada naquela local.
Terminamos a nossa reportagem com a seguinte questão: Até quando é que as nossas autoridades ou a quem de direito vão assumir o combate ao problema do lixo na Guiné-Bissau e com destaque na cidade de Bissau­­?
Por: Aguinaldo Ampa