quarta-feira, 6 de setembro de 2017

PARA CADA DÓLAR QUE RECEBEM DE AJUDA, PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PERDEM 10 PARA PARAÍSOS FISCAIS

Fonte: Carta maior
 
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Estudo revela como a fuga de capitais de maneira ilegal prejudica a economia dos países mais vulneráveis, e qual o papel dos paraísos fiscais nesse esquema.
 
Qual impacto que a fuga não-registrada de capitais pode ter no desenvolvimento de um país, principalmente nos mais vulneráveis e pobres? Qual o papel dos paraísos fiscais na facilitação desse fluxo financeiro, que drena importantes recursos de regiões inteiras do mundo? Para tentar responder a essas questões, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), em parceria com o Centro de Pesquisa Aplicada da Escola de Economia da Noruega (SNF), a Global Financial Integrity (GFI), Universidade Jawaharlal Nehru e o Instituto Nigeriano de Pesquisa Social e Econômica, produziu o estudo "Fluxos Financeiros e Paraísos Fiscais: Uma combinação para limitar a vida de bilhões de pessoas", um extenso relatório em três partes que avalia o fluxo li%u001quido de recursos de entrada e sai%u001da de pai%u001ses em desenvolvimento, durante o peri%u001odo de 1980-2012.
Entre as descobertas do estudo, uma impressiona: os países em desenvolvimento, excetuando-se a China (que é um ponto fora da curva), perderam um total de quase US$ 1,1 trilhões em transferências registradas e US$ 10,6 trilhões a partir de fuga não-registradas de capitais- desse último valor, mais de 80% (cerca de US$ 7 trilhões) saíram por meios ilegais.

O relatório conclui, entre outros pontos, que a redução dos fluxos financeiros ili%u001citos e regulação firme dos parai%u001sos fiscais melhoraria a efetividade das poli%u001ticas macroecono%u002micas adotadas nos países em desenvolvimento e contribuiria significativamente para reduzir a desigualdade socioeconômica. 

 
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A grande fuga de capitais dos países em desenvolvimento diminui sua capacidade de crescimento, porque boa parte desses recursos poderia ser usada em atividades econômicas destinadas à melhoria do padrão de vida e à redução de desigualdades.

Uma das principais descobertas do estudo é que na década de 1990 os países em desenvolvimento acabaram financiando mais os países desenvolvidos do que o contrário - e isso justamente por conta dos fluxos financeiros ilícitos e paraísos fiscais.
 
"O fluxo de recursos dos países mais vulneráveis para pai%u001ses ricos claramente confronta a eficie%u002ncia alocativa, que demanda fluxos em direc%u027a%u003o oposta. Em escala global, essas alocac%u027o%u003es de recursos incorretas constituem custos sociais considera%u001veis que seriam, neste caso, incorridos aos cidada%u003os de pai%u001ses em desenvolvimento."
 
Um estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) descobriu que o fluxo de entrada de capitais impacta positivamente o investimento dome%u001stico em maior grau que fatores como a qualidade institucional e o cre%u001dito dome%u001stico. E como a fuga de capitais drena recursos, e%u001 razoa%u001vel pensar que tais fluxos de sai%u001da reduziriam o efeito bene%u001fico de fluxos de entrada sobre os investimentos dome%u001sticos. Nossas descobertas, baseadas em dados limitados do FMI sa%u003o consistentes com as descobertas do Fundo em que mostramos que os fluxos de entrada de capital te%u002m impacto positivo no consumo, e que fluxos de sai%u001da ili%u001citos reduziriam os impactos bene%u001ficos sobre o consumo e sobre o padra%u003o de vida em pai%u001ses em desenvolvimento pobres.

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