sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

AFRICANOS REAGEM A INSULTOS DE TRUMP

 
O Presidente norte-americano usou linguagem vulgar para se referir ao Haiti e a países africanos numa reunião na Casa Branca. As reações não tardaram em África. Donald Trump nega agora ter usado expressão insultuosa.
 
Numa reunião na Casa Branca, na quinta-feira (11.01), para discutir um acordo para a imigração, Donald Trump questionou os congressistas sobre os motivos pelos quais os Estados Unidos devem receber pessoas de várias nações africanas, que não identificou, de El Salvador e do Haiti, que apelidou de "países de merda" ("shithole countries" em inglês). E perguntou se não seria preferível abrir as portas a cidadãos de países como a Noruega, revelaram meios de comunicação social norte-americanos, como o jornal The Washington Post.

Entretanto, o Presidente dos Estados Unidos já negou ter usado a polémica expressão, mas admitiu ter usado uma "linguagem dura" ao debater as leis migratórias. "A linguagem que usei na reunião [com legisladores norte-americanos] foi dura, mas não usei essas palavras", escreveu esta sexta-feira Trump no Twitter.

The language used by me at the DACA meeting was tough, but this was not the language used. What was really tough was the outlandish proposal made - a big setback for DACA!



Belas paisagens para Trump

A notícia causou muita indignação mundial. Em
África, a revolta espalhou-se pelas redes sociais, com Trump a ser acusado de racismo e ignorância. Muitos utilizadores africanos publicaram imagens de bonitas paisagens dos seus países e de modernos arranha-céus – tudo ironicamente acompanhado pela hashtag #ShitholeCountries.

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Hi @realDonaldTrump Greetings from one of the   in Africa not sure but last time I checked, S.H.I.T.H.O.L.E.S did NOT look like THIS 👇🏾



"Sou um filho orgulhoso de um continente brilhante chamado África. África NÃO é nenhum #shithole, Mr. Trump", escreveu no Twitter o atleta e recordista queniano Bernard Lagat, que se tornou cidadão norte-americano em 2004.

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I’m a proud son of the shining continent called Africa. My heritage is deeply rooted in my Kenyan roots. Africa is NO , mr. trump.


 
Vários governos do continente classificaram os comentários como "racistas". Na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, considerou "extremamente ofensiva" a afirmação de Trump. "Há milhões de pessoas desempregadas nos EUA, milhões de pessoas que não têm serviços de saúde ou acesso à educação e também não gostaríamos de fazer comentários tão depreciativos como esse", declarou Jessie Duarte, vice-secretária-geral do ANC.

No Botswana, a chefe da diplomacia, Pelonomi Venson-Moitoi, escreveu no Twitter que o comentário de Trump é um "terrível golpe" nas relações diplomáticas com os Estados Unidos. Segundo o governo, o embaixador norte-americano no país foi convocado para esclarecimentos.
Botswana/USA relations have been given a nasty blow on the brow, courtesy of @realDonaldTrump calling us a “shithole”..??😳😳


 
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda, Henry Okello Oryem, afirmou que os comentários de Donald Trump foram "infelizes e lamentáveis".

Houve igualmente protestos no Sudão do Sul, onde o porta-voz do Presidente Salva Kiir, Ateny Wek Ateny, definiu os comentários como "ultrajantes".

Assistir ao vídeo01:26

Quadros de Trump feitos no Quénia



Críticas da União Africana e da ONU

A União Africana (UA) disse estar "francamente alarmada" com as declarações do Presidente norte-americano. A porta-voz Ebba Kalondo considerou as afirmações de Donald Trump inaceitáveis tendo em conta a realidade histórica e a quantidade de africanos que chegou aos Estados Unidos como escravos.

"Isto é particularmente surpreendente, já que os Estados Unidos da América continuam a ser um exemplo global de como a migração deu origem a uma nação assente em valores fortes de diversidade e oportunidade", sublinhou. Ebba Kalondo disse que a declaração "prejudica os valores globais partilhados sobre diversidade, direitos humanos e compreensão recíproca".

Também a ONU considerou "chocantes", "vergonhosas" e "racistas" as declarações de Trump. "Se for confirmado, são comentários chocantes e vergonhosos da parte do Presidente dos Estados Unidos", declarou o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUR), Rupert Colville, numa conferência de imprensa, em Genebra.

"Não se trata apenas uma questão de vulgaridade de linguagem", assinalou Colville. "Estas declarações mostram o "pior lado da humanidade, validando e encorajando o racismo e a xenofobia", afirmou o porta-voz.

Fonte: DW África

Noticia relacionada em Francês:

« Pays de merde » : l’Union africaine condamne les propos de Trump, le Botswana convoque l’ambassadeur


La polémique enfle depuis la divulgation par la presse américaine des propos plus que désobligeants du président des États-Unis, qualifiant de « pays de merde » Haïti ainsi que plusieurs pays africains - non-identifiés.
« Pourquoi est-ce que toutes ces personnes issues de pays de merde viennent ici ? ». La sortie de Donald Trump  lors d’une réunion jeudi dans le Bureau ovale avec plusieurs sénateurs, révélée par la presse américaine, a déclenché une nouvelle polémique. Cette fois, plusieurs présidents, diplomates et gouvernements ont officiellement fait part de leur indignation face à des propos qualifiés de « racistes », « blessant » ou encore preuve de l’« ignorance » de celui qui les a proféré.

L’Union africaine rappelle le passé esclavagiste des États-Unis

C’est d’autant plus blessant compte tenu de la réalité historique du nombre d’Africains qui sont arrivés aux États-Unis comme esclaves
 
 
 
 
 
L’Union africaine (UA) a condamné ces remarques « blessantes » et « dérangeantes ». « Ce n’est selon moi pas seulement blessant pour les gens d’origine africaine aux Etats-Unis, mais aussi pour les citoyens africains », a déclaré Ebba Kalondo, porte-parole du président de la Commission de l’UA Moussa Faki. « C’est d’autant plus blessant compte tenu de la réalité historique du nombre d’Africains qui sont arrivés aux États-Unis comme esclaves ».
« C’est aussi très surprenant, car les États-Unis restent un exemple extrêmement positif de la manière dont l’immigration peut donner naissance à une nation », a-t-elle ajouté au sujet de cette « déclaration extrêmement dérangeante », qui « va complètement à l’encontre des comportements et des pratiques acceptées ».
De son côté, le président sénégalais Macky Sall s’est dit « choqué » par les propos du chef d’État américain. « L’Afrique et la race noire mérite le respect et la considération de tous » a-t-il commenté, dans un écho à la pensée de l’intellectuel sénégalais Cheikh Anta Diop, notamment auteur de Nations nègres et culture : de l’Antiquité nègre égyptienne aux problèmes culturels de l’Afrique noire d’aujourd’hui(1954).

L’ambassadeur au Botswana convoqué

Le Botswana a également réagi dans un communiqué et convoqué l’ambassadeur des États-Unis pour lui faire part de son « mécontentement » au sujet des propos « racistes » attribués au président américain Donald Trump. Le gouvernement du Botswana a invité l’ambassadeur à « clarifier si le Botswana est perçu comme un « pays de merde » compte tenu du fait qu’il y a des citoyens du Botswana qui résident aux États-Unis ».
« Nous considérons que les propos de l’actuel président américain sont hautement irresponsables, répréhensibles et racistes », a estimé le ministère des Affaires étrangères. Le communiqué enfonce le clou, expliquant que les autorités du Botswana « se demandent pourquoi le président Trump doit recourir à du vocabulaire désobligeant pour parler de pays avec lesquels les États-Unis entretiennent des relations bilatérales cordiales et mutuellement bénéfiques depuis tant d’années »
L’ancien Premier ministre Haïtien, Laurent Lamothe, s’est lui aussi indigné contre le « manque de respect et l’ignorance » du président Trump sur son compte Twitter.
De nombreuses autres personnalités ont réagi sur les réseaux sociaux, à l’image de l’activiste kényan Boniface Mwangi ou encore de l’ancien champion d’athlétisme kényan naturalisé américain Bernard Lagat.

Donald Trump dément

Les propos attribués au président américain ont été tenus, selon le Washington Post et le New York Times, lors d’un rendez-vous à la Maison-Blanche à propos d’un projet bipartisan proposant de limiter le regroupement familial et de restreindre l’accès à la loterie pour la carte verte. En échange, l’accord permettrait d’éviter l’expulsion de milliers de jeunes, souvent arrivés enfants aux États-Unis.
Selon les sources citées par les deux journaux, l’ancien homme d’affaires a estimé que les États-Unis devraient plutôt accueillir des ressortissants de la Norvège, dont il a rencontré la Première ministre la veille. « Pourquoi avons-nous besoin de plus d’Haïtiens ? », aurait encore demandé le président, selon le quotidien.
Si, dans un premier temps, les services de la présidence américaine ont répondu en défendant le principe du « America First » habituellement défendu par Trump, le principal intéressé a fini par nier avoir tenu les propos incriminés, dans un tweet publié vendredi.