O caso ainda está entre o pano de boca e a orquestra. Dizia Marie Von Ebner-Eschenbach “A força de vontade dos fracos chama-se teimosia”. É isso que acontece no país de Dona Maria, porque ai tem gato escondido com rabo de fora. O Ministro do Estado e Presidência da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, na sua entrevista a TSF admitira que no incidente dos “74 sírios” “há culpas partilhadas” entre os países intervenientes no caso, desde o local de partida até ao destino final. Inclusivamente, apontou algumas “fragilidades no processo de embarque da TAP em Bissau”, devido ao facilitismo do chek-in online. Mas, a companhia prefere transformar o episódio num assunto político para poder “sacudir água do capote”. “Ma si limpu I ka pus”!
Ora, a TAP dispões de responsáveis em terra e os que exercem função de supervisão a nível regional. Os assistentes de terra são os homens que geralmente estão nos balcões de atendimento dos passageiros no chek-in, tendo a coordenação diária ou rotativa de um chefe de escala, principal responsável pelo chek-in e verificação da documentação dos passageiros antes de entrarem no avião. Em Bissau, a TAP tinha no dia 10 de Dezembro de 2013 como chefe de escala, um guineense de nome Iancuba Korobó. O seu supervisor seria um luso angolano, residente em Lisboa. Pressupõe-se que os dois responsáveis não tinham motivos para não estarem informados sobre a anormalidade no embarque de “74 sírios” todos de uma vez com destino a Portugal. É evidente que a presença dos “74 sírios” em Bissau, salta á vista a qualquer leigo. O que só por sí acaba de ser uma pressão sobre os assistentes em terra. Acabaram por embarcar sem que houvesse recurso a arma de fogo para pressionar a tripulação da TAP ou mesmo o chefe da escala da companhia aérea portuguesa no momento do embarque dos sírios, como havia sido propalado em Portugal. Aliás esta tese de pressão com arma de fogo apontada a cabeça do comandante foi, imediatamente, trocada pela de "pressão via telefónica" do pessoal da TAP, por parte do Ministro do Interior, Suka Ntchama.
Caros compatriotas, a ofensa a bom nome e dignidade do povo guineense chegou ao limite! A situação enquadra-se na nojenta campanha solta pelo bando de criminosos e corruptos chefiados nhu Cadogo Jr., com o objetivo, claro, de dizer ao mundo que o “episódio” fora um ardil engendrado por nós, contra Portugal e a União Europeia. Atesta esta visão a voz mascarada do Ministro Rui Machete ao dizer, entre outros disparates, que "O Governo português reitera que o sucedido (...) é absolutamente inaceitável" ou as declarações “infantis” de Cavaco Silva e até as imprudentes e vergonhosas frases de Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia (UE), sobre o mesmo assunto.
“Fugindo da guerra”, como tem sido explicado, os “74 sírios” adquiriram passaportes turcos e viajara para Rabat. Na capital de Marrocos adquiriram vistos e passagem na TAP com destino a Portugal. Foi também na cidade de Rabat que compraram passagem no Air Marrocos e adquiriram no consulado guineense vistos de transito pelo nosso país. No que toca a Guiné-Bissau, sabe-se que o Ministério dos Negócios Estrangeiros, fora informado com vários dias de antecedência pelo ofício 422 pelo Consulado em Rabat. O que veio a desmentir o Ministro Fernando Delfim da Silva, como disse o Emplastro, chorando baba e ranho, “armado em prima dona ofendida, clamando que não tinha conhecimento dos vistos (…)”. É, no mínimo, desleal e irrefletido não ter em conta o fato de o episódio ter sido um acontecimento insólito em momento político transitório na Guiné-Bissau.
A TAP sabe das suas obrigações legais ao transportar para aeroporto português, cidadãos estrangeiros não habilitados, seja no caso de pessoas coletivas, seja no caso de pessoas singulares. Os “74 sírio” ao pisar o território português transformaram-se em “refugiados”. Portugal não se furtou à sua exclusão e recusa de asilo e proteção subsidiária. Numa nota do Instituto de Segurança Social em Portugal noticiou que estava a efetuar a avaliação e caracterização individual e familiar de todos os envolvidos de forma a garantir respostas de vida integradas que respeitem em absoluto as suas características e direitos. Então, por que falar na ilegalidade desses homens, mulheres e crianças fugidos da guerra?
Fernando Vaz concluiu com três pontos a birra política das autoridades portuguesas: 1) dar suporte político ao antigo primeiro-ministro, deposto no contragolpe em 2012; 2) a dívida da TAP para com as Finanças de Guiné-Bissau (…) que ascende aos seis milhões de dólares, desde 2004 até hoje (cerca de 4,3 milhões de euros), acumulando e cobrando à mesma nos bilhetes a taxa aeroportuárias ; 3) o “incidente” serviu para a TAP de mero expediente da TAP para não pagar impostos a Guiné-Bissau.
ANÓNIMO