A consciência dos povos também se formata por agendas mediáticas e,
não obstante a pulverização dos meios (sobretudo na “internet”), a televisão
continua a ser o meio por excelência. Por isso, continuo a defender um Serviço
Público de Televisão, que saiba difundir a visão que mais tenha a ver com os
interesses estratégicos de Portugal.
Hoje, isso está ainda muito longe de acontecer. Apenas um exemplo: a
atenção que a RTP (Rádio Televisão Portuguesa) dedica, em geral, ao espaço
lusófono. Em comparação com o acompanhamento que dedica a outros espaços
geopolíticos, a única conclusão possível é que para a RTP o espaço lusófono
continua a ser algo de residual.
Dos outros canais nem vale a pena falar, pois ainda conseguem ser
piores. Quando há alguma notícia é, em regra, pelas piores razões, como se tudo
o que acontece no espaço lusófono fosse, por definição, mau. As boas notícias
(quase) nunca aparecem nos grandes noticiários - antes são remetidas para
guetos televisivos. Tudo o mais parece servir apenas para perpetuar os
lugares-comuns de sempre: “o Brasil é o país do samba e do futebol”, a “África
é um continente perdido”, etc.
É bem verdade que o mau exemplo vem de cima. Alguém me sabe explicar,
por exemplo, porque todos os nossos líderes políticos aparecem sempre com as
bandeiras de Portugal e da União Europeia (para além da bandeira partidária) e
nunca também com a bandeira da CPLP: Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa? Bastaria esse pequeno gesto simbólico para que a Lusofonia tivesse
um peso maior no nosso espaço mediático.
No muito a mudar em 2014, que algo mude também nesta área. Em prol
disso, transcrevo aqui a Declaração que o MIL emitiu sobre a mais recente
incidente com a Guiné-Bissau:
“Repudiando, com toda a veemência, o incidente que levou a que um
avião da TAP: Transportes Aéreos Portugueses tivesse sido obrigado a
transportar, de forma ilegal, cerca de setenta cidadãos sírios, o MIL:
Movimento Internacional Lusófono não pode aceitar a manutenção da suspensão de
voos da TAP para a Guiné-Bissau.
Como o MIL tem reiteradamente defendido, a crise política que a
Guiné-Bissau atravessa exige um muito maior envolvimento de toda a Comunidade
Lusófona. Voltar as costas à Guiné-Bissau não resolverá a crise, antes a
agravará ainda mais.
Nessa medida, o MIL reclama o restabelecimento, tão imediato quanto
possível, dos voos da TAP para a Guiné-Bissau, com expressas garantias de
segurança dadas pelas autoridades guineenses. Essa ligação aérea é vital não
apenas para a preservação da relação entre Portugal e Guiné-Bissau, como, por
extensão, da relação entre a Guiné-Bissau e toda a Comunidade Lusófona.
Aproveitamos, a este respeito, a oportunidade para relançar uma das
propostas do MIL: agora que se fala de novo na privatização da TAP, é tempo de
se criar uma companhia aérea à escala lusófona, que tenha como prioridade a
ligação entre as principais cidades de todo os países e regiões de língua
portuguesa, sem esquecer as várias diásporas lusófonas.”
Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono
www.movimentolusofono.org