Bissau - O representante do secretário-geral das Nações Unidas na
Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, disse estar "impressionado" com a
adesão da população ao processo do recenseamento eleitoral e saudou o empenho
das autoridades.
José Ramos-Horta tem visitado pessoalmente várias zonas do interior
da Guiné-Bissau para constatar o andamento do processo do recenseamento que tem
sido contestado por dirigentes partidários guineenses. Na terça-feira e na
quarta-feira, esteve na zona norte, concretamente nos sectores de Bula, Ingoré,
São Domingos e Canchungo.
"Estou muito bem impressionado com a adesão das autoridades
locais e provinciais e, também, com a adesão da população, por demais
interessada neste processo de recenseamento, se não totalmente pela realização
das eleições gerais a 16 de Março, pelo menos também pelo facto de, pela
primeira vez nas suas vidas, irem ter um cartão de identidade de cidadão
nacional", disse Ramos-Horta.
O representante da ONU, que já visitou as 'tabancas' (aldeias)
remotas no sul e leste da Guiné-Bissau, afirmou ser "compreensível o
entusiasmo" da população devido ao facto de pela primeira vez em 40 anos
de independência estarem a presenciar um recenseamento "em moldes
sofisticados".
Com ajuda de técnicos de Timor-Leste, o recenseamento eleitoral é
feito com computadores, onde os dados dos cidadãos são guardados, juntamente
com a fotografia e a impressão digital.
Os partidos e grupos da sociedade civil têm criticado o processo,
que consideram ser moroso, mas para Ramos-Horta são normais as críticas devido
à inexperiência dos técnicos guineenses na utilização dos equipamentos
electrónicos do recenseamento.
De acordo com Ramos-Horta, "é preciso compreender o clima
adverso" da Guiné-Bissau para o normal funcionamento dos equipamentos como
também o facto de o processo do recenseamento estar a contar apenas com as
ajudas da Nigéria e de Timor-Leste.
O Nobel da Paz citou o caso de Timor-Leste, que nas eleições de
2012 recebeu "importantes ajudas" da comunidade internacional com
viaturas e até helicópteros para comparar o processo eleitoral guineense.
Segundo Ramos-Horta nem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP), nem a União Europeia, deram apoios ao processo do recenseamento.
"Temos de compreender os altos e baixos, falhas, percalços, e
felicito as autoridades nacionais e provinciais. Só quem, como eu, vai quase
todos os dias ao Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral e também ao
terreno, pelo país fora, pode compreender os esforços e as
contrariedades", vincou Ramos-Horta. Ver Notícia