Martinho Júnior, Luanda
1 – As frotas da NATO, com os Estados Unidos à cabeça, estão-se a habituar a fazer cada vez mais viagens de circunvalação ao continente africano, um continente que, recorde-se, proclamou a sua distância em relação às armas nucleares.
Os pretextos são os mais variados: as missões “partnership”, as missões de representação, as que são cumpridas no quadro bilateral, os “exercícios navais conjuntos” e, por fim, as “passagens de modelos” das frotas, na espectativa que algum país africano faça aquisição de navios para as tão insipientes marinhas de guerra de cada um deles, com o atractivo das “missões humanitárias” de permeio… as moscas caçam-se com mel!
A presença das frotas na rapina da Somália tem facilitado a manobra: para marcar o domínio à volta do “corno de África” (que nome mais apropriado) as “missões” entram pelo Mediterrâneo, passam pelo canal do Suez, pelo Mar Vermelho e atingem o “corno”, rodopiando à volta dele!
Depois torna-se fácil, de regresso às bases, voltarem pela rota do Cabo, para não percorrer sempre os mesmos circuitos, que além do mais se tornam “enfadonhos”!
A Grã-Bretanha, que domina a ilhas do Atlântico Sul (as Malvinas e o arquipélago de Santa Helena), é das poucas excepções a essa tendência tornada regra, que aliás também engrossa: os seus navios que patrulham o que eles consideram Falklands, junto à costa da Argentina, normalmente descem em direcção sul as costas orientais da América e retornam pelos circuitos da costa ocidental africana!
2 – Chegou agora a vez da Itália fazer mostrar os seus modelos navais a África, através duma força-tarefa notável que integra quatro vasos de superfície e provavelmente pelo menos um (furtivo) submarino de que não se dá conta!
O maior exemplar é o porta-aviões ligeiro Cavour, uma unidade construída já em pleno século XXI onde estão concentradas algumas das mais modernas tecnologias aeronavais, incluindo as de descolagem vertical!
A acompanhá-lo e servindo de escolta, a fragata multifunções Carlo Bergamini, que pertence a uma classe que está à disposição da França, de Marrocos e da Itália, assim como o navio de patrulha oceânica Comandante Borsini, um tipo de navio que surgiu na sequência do assalto realizado aos mares da Somália por frotas de várias origens… tendo em conta a necessidade de reduzir custos de exploração!
A acompanhar a frota, o navio-cisterna e de logística Etna.
Essa força-tarefa proveniente da Somália, fez vários dias de escala em Moçambique e chegará a Luanda no dia 15 de Março de 2014, permanecendo em Angola também por vários dias!
Fez de seguida a passagem obrigatória pela África do Sul, que é um dos possíveis clientes do Fincantieri, a empresa especializada que produziu o porta-aviões!
É uma força-tarefa capaz de integrar dipositivos nucleares!
3 – A Itália, antiga potência colonial que durante largas décadas esteve presente no “corno de África” (Etiópia e Somália), para além dos tradicionais interesses naquela região, possui extensivos interesses na exploração de petróleo e de gás em Angola, no Golfo da Guiné e na Líbia (a velha Tripolitânia), outra antiga colónia mesmo a sul da bota italiana e ainda hoje à sua mercê, pelo que a actual “missão naval” tem como pano de fundo geo estratégias valorizadas de longa data, no quadro das alianças forjadas inclusive do âmbito da NATO!
Neste momento, por exemplo, outra força-tarefa que penetra no Atlântico Sul é a do Irão, uma marinha inoportuna na coutada, que está a ser deslocada para, explicitamente, se colar irreverentemente à ilharga do território oriental dos Estados Unidos.
Essa iniciativa coincide com a iniciativa da Marinha de Guerra Italiana, pelo que o papel da força-tarefa da Itália ganha assim outro significado na sua deslocação, um significado que não se faz constar nem nas notícias dos média de referência, nem daqueles que são especialistas nesse tipo de matérias e de análises!
4 – Em Moçambique, a “passagem de modelos” da Marinha da Itália, com navios multifunções de calibre variado, comportou atractivos aspectos “humanitários”: “prevê-se que cerca de 500 crianças moçambicanas venham a beneficiar a bordo dos navios de uma campanha lançada esta terça-feira (28.01) que consistirá em operações cirúrgicas de fendas lábio-palatinas e triagem em oftalmologia e optometria.
Estes serviços são gratuitos numa iniciativa Ministério da Saúde moçambicano (MISAU), em parceria com a Organização “Operation Smile” da África do Sul e da Marinha Italiana”.
A passagem pela África do Sul e por Angola, para além das escalas mais a norte Atlântico dentro, está a ser feita à velocidade reduzida da deslocação da força-tarefa do Irão!
O cenário em África com a implantação do AFRICOM está a transformar-se: para além de por dentro do continente e no norte os ocidentais darem resposta a “redes terroristas” quantas vezes por si próprios financiadas, a leste do continente e em torno do fulcro que constitui a Somália, a “mobilização” é geral, arrastando a Somália, o Quénia, o Uganda, o Ruanda… daí este “piscar de olhos” oportuno a Moçambique, devido aos últimos acontecimentos internos!
Do leste a exploração do êxito nos Grandes Lagos pelo miolo continental, torna-se praticável e daí é fácil atingir toda a transversal do Sahel!
Só faltava fazer alastrar os aliciantes cosméticos à costa ocidental africana, a Angola, ao Golfo da Guiné e ao espaço marítimo à sombra da CEDEAO… enfim 360º à volta de África!!!
O império decidiu que o “corno de África” não seja só a Somália: é África por inteiro que está a começar a ser corno, o vértice sul, Cabo da Boa Esperança, obriga! Fonte:PG
África “cosa nostra”!
PAZ SIM, NATO NÃO!!!
1 – As frotas da NATO, com os Estados Unidos à cabeça, estão-se a habituar a fazer cada vez mais viagens de circunvalação ao continente africano, um continente que, recorde-se, proclamou a sua distância em relação às armas nucleares.
Os pretextos são os mais variados: as missões “partnership”, as missões de representação, as que são cumpridas no quadro bilateral, os “exercícios navais conjuntos” e, por fim, as “passagens de modelos” das frotas, na espectativa que algum país africano faça aquisição de navios para as tão insipientes marinhas de guerra de cada um deles, com o atractivo das “missões humanitárias” de permeio… as moscas caçam-se com mel!
A presença das frotas na rapina da Somália tem facilitado a manobra: para marcar o domínio à volta do “corno de África” (que nome mais apropriado) as “missões” entram pelo Mediterrâneo, passam pelo canal do Suez, pelo Mar Vermelho e atingem o “corno”, rodopiando à volta dele!
Depois torna-se fácil, de regresso às bases, voltarem pela rota do Cabo, para não percorrer sempre os mesmos circuitos, que além do mais se tornam “enfadonhos”!
A Grã-Bretanha, que domina a ilhas do Atlântico Sul (as Malvinas e o arquipélago de Santa Helena), é das poucas excepções a essa tendência tornada regra, que aliás também engrossa: os seus navios que patrulham o que eles consideram Falklands, junto à costa da Argentina, normalmente descem em direcção sul as costas orientais da América e retornam pelos circuitos da costa ocidental africana!
2 – Chegou agora a vez da Itália fazer mostrar os seus modelos navais a África, através duma força-tarefa notável que integra quatro vasos de superfície e provavelmente pelo menos um (furtivo) submarino de que não se dá conta!
O maior exemplar é o porta-aviões ligeiro Cavour, uma unidade construída já em pleno século XXI onde estão concentradas algumas das mais modernas tecnologias aeronavais, incluindo as de descolagem vertical!
A acompanhá-lo e servindo de escolta, a fragata multifunções Carlo Bergamini, que pertence a uma classe que está à disposição da França, de Marrocos e da Itália, assim como o navio de patrulha oceânica Comandante Borsini, um tipo de navio que surgiu na sequência do assalto realizado aos mares da Somália por frotas de várias origens… tendo em conta a necessidade de reduzir custos de exploração!
A acompanhar a frota, o navio-cisterna e de logística Etna.
Essa força-tarefa proveniente da Somália, fez vários dias de escala em Moçambique e chegará a Luanda no dia 15 de Março de 2014, permanecendo em Angola também por vários dias!
Fez de seguida a passagem obrigatória pela África do Sul, que é um dos possíveis clientes do Fincantieri, a empresa especializada que produziu o porta-aviões!
É uma força-tarefa capaz de integrar dipositivos nucleares!
3 – A Itália, antiga potência colonial que durante largas décadas esteve presente no “corno de África” (Etiópia e Somália), para além dos tradicionais interesses naquela região, possui extensivos interesses na exploração de petróleo e de gás em Angola, no Golfo da Guiné e na Líbia (a velha Tripolitânia), outra antiga colónia mesmo a sul da bota italiana e ainda hoje à sua mercê, pelo que a actual “missão naval” tem como pano de fundo geo estratégias valorizadas de longa data, no quadro das alianças forjadas inclusive do âmbito da NATO!
Neste momento, por exemplo, outra força-tarefa que penetra no Atlântico Sul é a do Irão, uma marinha inoportuna na coutada, que está a ser deslocada para, explicitamente, se colar irreverentemente à ilharga do território oriental dos Estados Unidos.
Essa iniciativa coincide com a iniciativa da Marinha de Guerra Italiana, pelo que o papel da força-tarefa da Itália ganha assim outro significado na sua deslocação, um significado que não se faz constar nem nas notícias dos média de referência, nem daqueles que são especialistas nesse tipo de matérias e de análises!
4 – Em Moçambique, a “passagem de modelos” da Marinha da Itália, com navios multifunções de calibre variado, comportou atractivos aspectos “humanitários”: “prevê-se que cerca de 500 crianças moçambicanas venham a beneficiar a bordo dos navios de uma campanha lançada esta terça-feira (28.01) que consistirá em operações cirúrgicas de fendas lábio-palatinas e triagem em oftalmologia e optometria.
Estes serviços são gratuitos numa iniciativa Ministério da Saúde moçambicano (MISAU), em parceria com a Organização “Operation Smile” da África do Sul e da Marinha Italiana”.
A passagem pela África do Sul e por Angola, para além das escalas mais a norte Atlântico dentro, está a ser feita à velocidade reduzida da deslocação da força-tarefa do Irão!
O cenário em África com a implantação do AFRICOM está a transformar-se: para além de por dentro do continente e no norte os ocidentais darem resposta a “redes terroristas” quantas vezes por si próprios financiadas, a leste do continente e em torno do fulcro que constitui a Somália, a “mobilização” é geral, arrastando a Somália, o Quénia, o Uganda, o Ruanda… daí este “piscar de olhos” oportuno a Moçambique, devido aos últimos acontecimentos internos!
Do leste a exploração do êxito nos Grandes Lagos pelo miolo continental, torna-se praticável e daí é fácil atingir toda a transversal do Sahel!
Só faltava fazer alastrar os aliciantes cosméticos à costa ocidental africana, a Angola, ao Golfo da Guiné e ao espaço marítimo à sombra da CEDEAO… enfim 360º à volta de África!!!
O império decidiu que o “corno de África” não seja só a Somália: é África por inteiro que está a começar a ser corno, o vértice sul, Cabo da Boa Esperança, obriga! Fonte:PG
África “cosa nostra”!
PAZ SIM, NATO NÃO!!!
Foto: O porta-aviões, Cavour, nave capitânia e a “fina flor” da Marinha de Guerra Italiana.