A
história recente tem-nos revelado a tendência dos antigos partidos políticos em
África se transformarem em gangs de mafiosos. Os idealistas consolariam com a
máxima de que “tudo que nasce, morre”.
Para
mim, não! Admito que as ideias se adaptam no tempo e no espaço. Por isso não me
conformo. A minha revolta é grande! A nossa rejeição, a minha e a dos filhos,
netos e órfãos de homens e mulheres corajosas que com os seus sacrifícios e
abnegação deram pedaço do seu corpo, ou sua própria vida para que o povo se
libertasse das masmorras do colonialismo, é assistir o desabamento de uma
das prodigiosas fortalezas de luta pela dignidade humana edificadas em África:
o PAIGC de Cabral! Depois do assassinato do seu líder fundador deu-se a
debandada ideológica total dos seus militantes. Depois da gloriosa luta armada
pela independência, no lugar da democracia e do desenvolvimento, surgiu o caos
ou prepotência e salva-se quem poder! O PAIGC virou-se o monstro que comia as
suas próprias crias. Engendrou bodes expiatórios para legitimar genocídio
étnicos. Recordo-me do caso 17 de Outubro. Hoje são os próprios dirigentes
desse partido que diabolizam as nossas gloriosas forças armadas, porque estas
já não são pau-mandado, ou seja, braço armado do partido como gostam de dizer.
Inspirados
pela poetisa, Sophia de Mello Breyner Andresen, desejamos no seio do PAIGC
encontrar aqueles que na hora da vitória respeitaram o vencido, nada!
Aqueles que deram tudo e não pediram a paga, nada! Aqueles que na hora da
ganância perderam o apetite. Nada! Aqueles que amaram os outros e por isso não
colaboraram com a sua ignorância ou vício, ninguém! Aqueles que foram «Fieis à
palavra dada à ideia tida» como antes dele mas também por eles, “nin ntus”!
Pergunto: que tolerância ou liberdade nos permite reabilitar um antigo agente da
Gestapo ou um graduado do exercito hitleriano ao ponte de lhe atribuir alta
responsabilidade num partido antifascista? A desconexão política viria a surgir
no seio partido dos libertadores! Uma das piruetas foi a introdução de um
antigo agente da PIDE-DGS como membro do Conselho de Estado e posteriormente um
antigo graduado do exercito colonial português lidera o PAIGC. É sabido que o
partido dos libertadores é densamente povoado por gangs ligados ao
narcotráfico.
A
desumanidade perpetrada - após a libertação - pelo PAIGC e seus cata-ventos,
impele o povo a sentá-lo no banco de réu do Tribunal Penal Internacional.
Passados quarenta anos já não há discursos e argumentos que galvanizem o povo
para nada. Os seus comícios são comprados. Os seus votos são negociados. No
âmbito internacional, o PAIGC ainda vai granjeando alguns apoios derivados de
uma certa nostalgia dos tempos da liderança de Amílcar Cabral.
Deus
abençoe Guiné-Bissau!