Maputo
- A organização moçambicana União Nacional de Camponeses (Unac) estima que 345
mil agricultores estejam a ser afectados pela crise político - militar que
Moçambique vive há quase um ano, que considera uma ameaça à actual campanha
agrícola.
Em
comunicado enviado nesta segunda – feira à agência Lusa, a organização não
-governamental manifestou a sua "indignação e repúdio contra as mortes,
assassinatos e deslocação de milhares de companheiros" resultantes do
conflito que Moçambique atravessa desde Março do último ano.
Através
de uma investigação que desenvolveu, a Unac estima que "345 mil
camponeses" tenham sido afectados "directa e indirectamente"
pela crise militar.
"Dados
analisados pela Unac apontam para que 69 mil famílias de camponeses tenham sido
atingidas pela guerra nos distritos de Machanga, Chibabava, Maringué,
Gorongosa, Nhamatanda e Dondo, em Sofala, de Moatize, em Tete, de Macossa,
Manica, Rapale e Mecuburi, em Nampula, e de Homoíne, Funhalouro e Vilanculos,
em Inhambane", lê-se na nota de imprensa.
A
organização refere que muitas famílias residentes nestas regiões encontram-se
"deslocadas", considerando-as, por isso, "refugiados
internos de guerra", ainda que as autoridades nacionais e internacionais
"lhes neguem" esse estatuto.
"Os
efeitos desta tensão ameaça comprometer, seriamente, a campanha agrícola
2013/2014, pondo em causa os objectivos da presente época, previstos no Plano
Económico e Social de 2014, além de perigar a soberania alimentar dos
moçambicanos", alerta a organização de camponeses.
A
Unac avisa ainda que se a situação se mantiver até ao próximo mês de Março,
terá impactos "brutalmente negativos" sobre a presente campanha
agrícola, sobretudo na província de Sofala.
O
Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) concluíram,
na última semana, as negociações sobre a Lei Eleitoral do país, que despoletou
o impasse político-militar.
Desde
há oito dias, quando o governo bombardeou posições da Renamo na serra da
Gorongosa, não há registos de confrontos nas zonas de maior tensão,
nomeadamente da província de Sofala. Angop