segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

MOÇAMBIQUE: CONFLITO AFECTA 345 MIL AGRICULTORES


Maputo - A organização moçambicana União Nacional de Camponeses (Unac) estima que 345 mil agricultores estejam a ser afectados pela crise político - militar que Moçambique vive há quase um ano, que considera uma ameaça à actual campanha agrícola.
Em comunicado enviado nesta segunda – feira à agência Lusa, a organização não -governamental manifestou a sua "indignação e repúdio contra as mortes, assassinatos e deslocação de milhares de companheiros" resultantes do conflito que Moçambique atravessa desde Março do último ano.    
Através de uma investigação que desenvolveu, a Unac estima que "345 mil camponeses" tenham sido afectados "directa e indirectamente" pela crise militar.    
"Dados analisados pela Unac apontam para que 69 mil famílias de camponeses tenham sido atingidas pela guerra nos distritos de Machanga, Chibabava, Maringué, Gorongosa, Nhamatanda e Dondo, em Sofala, de Moatize, em Tete, de Macossa, Manica, Rapale e Mecuburi, em Nampula, e de Homoíne, Funhalouro e Vilanculos, em Inhambane", lê-se na nota de imprensa.    
A organização refere que muitas famílias residentes nestas regiões encontram-se  "deslocadas", considerando-as, por isso, "refugiados internos de guerra", ainda que as autoridades nacionais e internacionais "lhes neguem" esse estatuto.   
"Os efeitos desta tensão ameaça comprometer, seriamente, a campanha agrícola 2013/2014, pondo em causa os objectivos da presente época, previstos no Plano Económico e Social de 2014, além de perigar a soberania alimentar dos moçambicanos", alerta a organização de camponeses.    
A Unac avisa ainda que se a situação se mantiver até ao próximo mês de Março, terá impactos "brutalmente negativos" sobre a presente campanha agrícola, sobretudo na província de Sofala.    
O Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) concluíram, na última semana, as negociações sobre a Lei Eleitoral do país, que despoletou o impasse político-militar.    
Desde há oito dias, quando o governo bombardeou posições da Renamo na serra da Gorongosa, não há registos de confrontos nas zonas de maior tensão, nomeadamente da província de Sofala. Angop