A
Renamo acusou hoje o exército de Moçambique de bombardear posições na serra da
Gorongosa, centro do país, "onde o governo presume que possa estar" o
líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama.
"Desde sábado, foram disparados 11 roquetes contra zonas da serra da Gorongosa, onde vive muita população civil", disse hoje à Lusa, em Maputo, o porta-voz da Renamo.
Fernando Mazanga adiantou que a ofensiva começou na última quarta-feira, "com a concentração de efetivos em Gondola", província de Manica, a cerca de 300 quilómetros da serra da Gorongosa.
"Estão
desde ontem (sábado) a disparar contra uma área, na zona de Vunduzi e de
Sandjudjira" disse Mazanga, referindo-se à região onde a Renamo tinha uma
base, na qual viveu Afonso Dhlakama, até ser expulso pelo exército em outubro
do último ano.
Desde
então, o líder da Renamo não voltou a ser visto, mas em diversas entrevistas
que concedeu por telefone, Dhlakama tem afirmado que continua a viver na
região.
A
Lusa tentou uma reação do Ministério da Defesa Nacional de Moçambique, mas não
houve respostas aos telefonemas.
Os
alegados bombardeamentos surgem depois de três semana de uma espécie de "tréguas"
no conflito político-militar que afeta Moçambique e que já causou dezenas de
mortes e milhares de refugiados.
"Há
semanas que a Renamo não faz movimentações militares e o governo aproveitou-se
disso para concentrar homens em Gondola", acusou Mazanga.
Nas
últimas semanas, o degelo entre as duas partes permitiu o adiamento do processo
de recenseamento eleitoral e a retoma da discussão da lei eleitoral, prevista
para a reabertura da sessão legislativa, ainda este mês.
Mas,
apesar dos alegados ataques, Fernando Mazanga garantiu que o seu partido estará
presente na ronda semanal de negociações com o governo, na segunda-feira em
Maputo.
"Nós
acreditamos no diálogo e não defendemos soluções militares", disse.