O ganês Herman Chinery-Hesse, também conhecido como o “Bill Gates de África”, é considerado um dos 100 pensadores globais pela revista norte-americana Foreign Policy Magazine e enquanto empresário colecciona uma miríade de prémios tanto nacionais como internacionais. Em 1991, Chinery-Hesse fundou a the SOFTtribe, uma das empresas líderes no mercado africano de software. Em 2008 foi um dos co-fundadores da Black Star Line, empresa pioneira nos ramos do e-commerce e do e-payments e prepara-se agora para lançar a plataforma shopafrica53.com. É um orador reconhecido e já foi convidado para dar palestras na Universidade de Oxford ou na Escola de Negócios de Harvard, só para referir duas das mais conhecidas instituições a nível global e apareceu como comentador na CNN, na BBC e na Al Jazeera. O Expresso das Ilhas aproveitou a sua passagem por Cabo Verde para entrevistar um empreendedor que não tem medo de ser politicamente incorrecto.
Instituições como o Banco Mundial funcionam com um modelo de cooperação baseado na capacitação do sector empresarial local; nessa perspectiva, financiam projetos de microcrédito, assistência técnica, formação, etc. Na sua opinião, qual tem sido o impacto destes projetos internacionais sobre o desenvolvimento do sector empresarial em África? Se solicitassem ao Herman o desenho de uma política para o sector, como aconselharia os empresários africanos a reagirem a ofertas de financiamento externo para as suas empresas?
O que acabou de referir é uma mentira; o que o Banco Mundial escreve no papel não é o que implementam! Certa vez, chamei a atenção do seu antigo chefe – o Wolfensohn – para o facto de que, apesar de terem sido gastos milhões em projetos no Gana, nunca um tostão do Banco Mundial foi parar ao bolso de uma empresa de software ganiana. A princípio, o Wolfensohn defendeu que deveria ser mentira; mas o seu pessoal confirmou-o, e ele deu ordens para que se corrigisse o caso. Quatro anos depois, o Wolfensohn regressou ao Gana para um fórum e eu interpelei-o. “Lembra-se de mim?” perguntei. Nada tinha mudado, e ele ficou furioso com o seu pessoal; mas asseguro-lhe que, até ao dia de hoje, ainda nada mudou. Portanto, na minha experiência, o interesse do banco Mundial pelo sector privado africano não passa de uma grande mentira. No que respeita o meu negócio, são uns mentirosos dos diabos (risos). Leia entrevista completa - expressodasilhas.sapo.cv