Quem disse que o passado
não joga no presente? O VIII Congresso do PAIGC a decorrer na cidade velha de
Cacheu é o exemplo desta premonição. É preciso recordar que, no PAIGC, a
geração bem colocada para substituir a velha-guarda é, sem dúvida, àquela que é
comumente representada pelo malogrado deputado e destacado dirigente, Hélder
Proença, por Ernesto Dabó, entre outros. Geração que combatiam pelos ideias
“cabralistas” na juventude Amílcar Cabral. Pergunto: por onde vagueiam os
quadros do partido dos libertadores, bem instruídos e cultos? Resignados ou
escorraçados pela nova orientação política “capitalista” do partido?
Ora, como atrás referia, as atuais divergências internas no seio
dos “camaradas” são a imagem das contradições anteriores que resultaram na
morte do Presidente Malam Bacai Sanhá. Recordo-vos de que no conflito
político-militar de 7 de Junho de 1998, Malam Bacai Sanhá e Carlos Gomes Júnior
estiveram na mesma trincheiras contra Nino Vieira. Mas, quando Bacai Sanhá se
ascendeu a Presidente da República despoletou a discórdia entre o Presidente da
República e o então Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. Consta,
portanto, que uma das causas da desavença política entre os dois estadistas se
relacionava com a necessária averiguação judicial das mortes ocorridas no
período pré-eleitoral, sobretudo, as do antigo Presidente Nino Vieira, Hélder
Proença e Baciro Dabó. Nesse tempo, havia muitas manifestações de rua
convocadas pelo maior partido da oposição, o PRS. Nesses “encontrões e vai não
volta”, o Presidente Bacai Sanhá saca da cartola um coelho: Braima Camará
(Bá-Kekutó) para disputar o lugar de Primeiro-ministro, em oposição a Carlos
Gomes Júnior. Refira-se que a estratégia de Bacai Sanhá não visava jogo pelos
ideais políticos e de princípios, mas sim a partir da capacidade económica dos
protagonistas políticos. Por isso a opção por Braima Camará para enfrentar o
“multimilionário, empresário e governante” Carlos Gomes Júnior. E este,
entretanto, com a morte do Presidente da República, pula-se à-toa para se
candidatar ao cargo de Presidente,
lançando na algibeira Domingos Simões Pereira como seu sucedâneo no cargo de
Primeiro-ministro. Terá sido a Adiatu Nandigna que travou a astúcia preparada
com conivência de Portugal, Angola e Cabo Verde.
É, portanto, desta forma que se apercebe, com clareza, o que
poderá estar em jogo neste VIII Congresso. No meu ponto de vista posso
assegurar-vos de que por sorte o VIII Congresso escapará a luta entre
quadrilhas do dinheiro que se aproveita da sua grandeza para tirar dividendos
pessoais, tal como fizera Cadogo Jr.
Deus Abençoe a Guiné-Bissau!